Entre sons e Excessos
Mick Jagger e Martin Scorsese mergulham na cena rock dos anos 1970 na série Vinyl
WILL HERMES
Publicado em 19/02/2016, às 11h34 - Atualizado às 11h41Há cerca de 20 anos, Mick Jagger teve a ideia para realizar o projeto dos sonhos dele: um filme grandioso contando a história da indústria da música. Para tirar isso do papel, ele recrutou Martin Scorsese e o criador da série Boardwalk Empire, Terence Winter. Logo ficou claro que não conseguiriam fazer toda a história caber em um longa. “Conforme a TV se tornou mais refinada e interessante de fazer, decidimos transformar em uma série”, conta Jagger, que assume o posto de produtor. O resultado é Vinyl, que estreia na HBO neste mês, justamente quando os Rolling Stones estarão no Brasil. Ambientado em Nova York em 1973, o programa é centrado em Richie Finestra (Bobby Cannavale), um presidente de gravadora que cheira cocaína, tem um casamento turbulento e foi perdendo seu toque de Midas. Cannavale gostou de se preparar para o papel. Leu muitas histórias sobre a música da época e passou “bastante tempo com as pessoas certas” – como Lenny Kaye, guitarrista de Patti Smith, e David Johansen, líder do New York Dolls. “Foi bem diferente de pesquisar para um programa policial de ficção, por exemplo”, diz. Como há de ser em um drama de Scorsese, vemos abundância de sexo, drogas e violência. Junto à decadência do período, há muita música vinda de representações de bandas da vida real, como o já
citado Dolls e artistas de blues e R&B. Dados os excessos inerentes à Nova York setentista, não foi fácil lembrar perfeitamente de cada detalhe tanto tempo depois. “Você faz a pesquisa e isso vai influenciando sua memória”, explica Jagger. Então, será que o cara que cantou “Shattered” (do álbum dos Stones Some Girls, de 1978) realmente viu “pessoas vestidas com sacolas plásticas orientando o trânsito”, como diz a letra? “Claro!”, ele ri.