A banda The Vaccines aceita a publicidade, mas luta contra o hype antes de estrear
A estreia do grupo britânico The Vaccines tem um peso - e não é musical. Com apenas alguns singles lançados, o quarteto despertou um furor característico da imprensa inglesa, que já os colocou no posto de salvadores do rock em 2011, mesmo antes de o disco What Did You Expect from the Vaccines? ser lançado (ele chega às lojas da Inglaterra neste mês). "É um peso, mas também é muito enobrecedor", diz o vocalista Justin Young sobre a situação. "O hype é algo curioso, que se autoconsome: primeiro te enchem de hipérboles e, pouco tempo depois, debatem sobre o fato de você merecer tudo aquilo. Mas acho que tem muita gente que nos considera bons, independentemente do que escrevem sobre nós."
Nos Estados Unidos, por onde os músicos passaram brevemente no começo do ano, a recepção foi diferente. "Os norte-americanos nos conhecem menos, já falaram muito da gente na Inglaterra. Então eles são menos cínicos em relação à banda. No geral, os britânicos são mais cínicos, não é?"
A atenção toda não é gratuita - a sonoridade do Vaccines é bastante peculiar, juntando elementos grandiosos de produções ao estilo de Phil Spector ao lado cru do punk (mais para Ramones do que para Sex Pistols). "Estamos começando de forma simples para que, espero, possamos nos desenvolver para começar a desafiar mais os ouvintes", explica o cantor. "Amamos tudo o que é sonicamente interessante, tentamos pelo menos indicar algo assim, com muitos loops e eco - criar uma ilusão de algo que, na verdade, não está lá. Então, gostamos desse lance de 'wall of sound' [o estilo de gravação criado por Spector], no qual você escuta muita coisa que não está lá de verdade."
Para Young, as músicas do Vaccines refletem algo objetivo e claro e que, por mais antiquado que possa parecer, formam um álbum no conceito clássico dessa definição. "Todas as músicas são sobre ser um cara jovem e ter um desejo meio indefinido, insegurança, ciúmes, amor não retribuído", conta. "As faixas são unidas por esses sentimentos parecidos, expressam-se de forma semelhante." Mais do que isso, ele se apoia na sensação física do disco. "Ainda acredito em trabalhar para poder comprar algo físico. Os downloads facilitam muitos aspectos, ajudam quem está começando, mas nunca vão substituir essa sensação de se possuir uma cópia física de algo. É por isso que acordamos e vamos trabalhar todos os dias, não?"