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A Estranha Volta de Arrested Development

Como a Netflix resgatou uma série cult que havia sido cancelada, mas nunca esquecida pelos fãs

Stella Rodrigues Publicado em 11/06/2013, às 14h14 - Atualizado às 14h14

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<b> Situações peculiares</b> Jason Bateman e Michael Cera, como pai e filho em cena da nova temporada - sam urdank/netflix
<b> Situações peculiares</b> Jason Bateman e Michael Cera, como pai e filho em cena da nova temporada - sam urdank/netflix

Eles não têm nada de bons filhos e o retorno deles, na verdade, só foi possível porque foi a uma casa diferente. Arrested Development contava uma história aparentemente bem batida, de uma família rica e cheia de parentes inescrupulosos, os Bluth, que perde tudo depois de um escândalo de fraude. Apesar disso, a série nunca fez nada de modo tradicional. Cancelada pela Fox em 2003 após três temporadas, o programa levou um humor esquisito para a TV aberta – o que fez com que caísse no injusto abismo injusto que é o reino do cult. “O poder da série é que o público aumentou. Tinha uma audiência muito pequena que só cresceu com os anos, virou uma bola de neve”, explica Michael Cera, intérprete de George Michael, o único filho bom da família.

A improvável volta de Arrested Development para uma 4a temporada marca duas novidades televisivas. A primeira é o estabelecimento de serviços de streaming como a Netflix, novo lar da série, como empresas com conteúdo exclusivo, de qualidade e capaz de gerar interesse em diferentes alvos. A outra novidade é a possibilidade de adaptação do formato tradicional de TV, já que não há patrocinadores ou comerciais. O elenco de Arrested provavelmente não teria continuado muito mais tempo na atração, já que todos estavam ficando requisitados demais. Jason Bateman, Portia de Rossi, David Cross, Will Arnett, Jessica Walker, Tony Hale, Alia Shawkat e Jeffrey Tambor completam o time de atores que retornou para 15 novos episódios, cada um deles focado em um personagem. Mas há outras características especiais que propiciaram a sobrevida televisiva da espécie Bluth:

A era do saudosismo

retornos de séries são a versão televisiva dos hologramas de músicos mortos fazendo shows. A nostalgia está com tudo (vide a campanha para a realização de um filme da série Veronica Mars, que quebrou recordes do site de crowdfunding Kickstarter). E, se há chances de lucro, sempre há alguém disposto a apostar em uma volta de algo pouco apreciado na época de exibição original. “Tenho uma sensação que não é de vingança”, diz Jason Bateman, sobre o cancelamento há dez anos. “É mais algo do tipo: ‘Ninguém ficou indignado quando saímos do ar...’” Rindo, David Cross rebate: “Eu não estou tomando o mesmo remédio que ele, então fiquei sim meio bravo!”

Almas gêmeas

a solução para os falidos costumava ser casar a filha com um membro de uma família rica. Foi mais ou menos isso que a família Bluth fez com a Netflix, que se sai mais ou menos como o novo rico da história, em busca de um sobrenome tradicional que lhe garanta um lugar na alta sociedade televisiva.

A mente de Mitch

o elenco e os roteiristas de arrested se amam de verdade – e amam o que produziram. “A estrutura inteligente que Mitch [Hurwitz, o criador da série] montou nos dá a chance de tentar coisas mais ousadas. Tudo o que você quer como ator é um bom texto e um bom elenco”, diz Portia de Rossi. “O melhor da TV é sempre o resultado dos atores seguindo os roteiristas e dos roteiristas seguindo os atores. Tipo a cobra comendo a própria cauda”, devolve Hurwitz.

Humor físico e trocadilhos realmente engraçados

a comédia de arrested development é construída em níveis e mistura piada física, referências discretas e trocadilhos. Apesar de esse último item gerar calafrios em fãs de humor, não havia nada de previsível ou repetido nas camadas criadas por Hurwitz. “Nada do que ele coloca no papel é velho, cansado, ultrapassado”, explica Alia Shawkat. “É sempre novo. Isso que é humor, quando você é pego de surpresa. Tudo que é único e diferente se destaca e demora mais para ser absorvido. É isso que é arte.”