Como a banda nasceu?
Começamos a tocar em Montréal, em um estúdio dentro de um loft gerenciado por um coletivo de músicos francófonos. David e eu estávamos compondo já há algum tempo, mas o que nós queríamos mesmo era formar uma banda com um estilo próprio. Quando ouvimos Riley tocando bateria lá nesse estúdio, soubemos na hora que poderíamos finalmente fazer o tipo de som que sempre quisemos fazer.
“Way To Be Loved”
Picture You Staring tem uma sonoridade mais pop que Tender Opposites, mas ao mesmo tempo mais sombria e melancólica...
No primeiro disco [Tender Opposites], as gravações foram feitas de uma forma mais orgânica, as músicas soavam bem parecidas com a maneira com que as apresentávamos ao vivo. Já no segundo álbum [Picture You Staring], trabalhamos exaustivamente as texturas musicais depois que as faixas estavam prontas, sempre mudando uma coisa ou outra, mas permitindo que as canções se construíssem sozinhas e de forma espontânea. Acho que elas são mais sombrias e tristes que as do nosso primeiro trabalho porque elas trazem latente essa coisa da mudança, já que muitos dos nossos amigos estavam ou já haviam se mudado de Montréal desde que havíamos formado a banda. Essa tonalidade mais sombria vem de um verdadeiro sentimento de melancolia que estávamos vivendo na época.
Em uma entrevista com a Dummy Magazine você disse que costumava ser uma garota bastante tímida.
Tenho uma conexão muito forte com a menina na capa do nosso novo disco [Picture You Staring], acho que até seria possível dizer que sou eu mesma representada ali. Mas, na verdade, não acho que sou uma pessoa tímida para cantar ou fazer música. Eu fico muito focada e concentrada quando me apresento ao vivo. Acho que estou mais para uma artista introvertida do que para uma “animadora” de plateia. Muitas das canções que nós fizemos são extremamente pessoais para mim e eu acredito que a melhor forma de comunicá-las é tentando ser o mais honesta possível, canalizando sobre o palco as emoções por trás delas. Acho que a menina da capa do álbum captura a essência observacional que essas músicas têm.
Você costuma dizer que se inspira muito em artistas visuais/performáticas feministas, como Yoko Ono, Martha Graham e Carolee Schneemann. Como essas inspirações se refletem na sua música?
Elas me inspiram a fazer arte do jeito que eu quero. Acho bastante empoderadora a ideia de que uma artista mulher pode fazer o que bem entender com o corpo dela. A linguagem corporal é uma espécie de veículo para a mente, assim como cantar é uma expressão que o corpo dá para os nossos pensamentos. Eu amo como a música da Yoko é “corpórea”.
“Rings of Saturn”
Desde que o TOPS lançou Picture You Staring, em setembro de 2014, vocês entraram em uma extensa turnê internacional. Quais as dificuldades de compor nessas condições?
É difícil! Durante as turnês apresentamos algumas das novas canções e observamos a reação das pessoas nos shows. Isso tem sido de muita ajuda para o nosso próximo disco, porque nos ajuda a ouvir essas músicas antes de elas estarem finalizadas e registradas. Mas eu ainda acho que a solidão é crucial para compor e escrever.
“Evening”
Já faz dois anos que vocês lançaram Picture You Staring. Quando nós vamos ouvir um novo disco do TOPS?
O mais breve possível! Estamos trabalhando bastante nisso.