Chrissie Hynde fala sobre o LP solo e explica por que não pensa em escrever biografia.
Gabriel Olsen | Tradução: J.M Trevisan Publicado em 11/07/2014, às 10h43 - Atualizado em 14/07/2014, às 10h52
Chrissie Hynde usa o nome The Pretenders desde 1978, apesar de ser a única integrante que participou de todas as formações da banda. Mas, depois de gravar um novo álbum na Suécia, em grande parte com Björn Yttling, do trio Peter Bjorn and John, ela decidiu parar de fi ngir que tinha uma banda, o que tecnicamente torna Stockholm o primeiro álbum solo da cantora. “Nunca havia usado meu nome em um disco antes, porque gosto de me manter nas sombras”, diz Chrissie, de 62 anos.
Você tinha 28 anos quando lançou o primeiro álbum, uma idade avançada para uma estreante. Chega a ser impressionante que você não tenha desistido e arrumado um emprego normal.
Quem tem banda não pensa em desistir. Se você pensa assim, provavelmente não vai durar. Eu me achava bem velha na época, mas percebi que precisava de vivência antes de ter o que dizer.
Uma das faixas novas, “Adding the Blue”, menciona o cartunista S. Clay Wilson. quadrinhos te influenciaram?
Ah, claro. Todos os hippies dos anos 1960 liam a Zap Comix. Quadrinhos têm muito em comum com a música. S. Clay Wilson falava do submundo da sociedade: demônios que defl oravam bruxas, a cultura das drogas.
Você se identifica como hippie e como punk. Há uma interseção entres essas duas culturas?
Não, no que diz respeito aos punks. Eles não gostavam dos hippies, porque os pais deles eram os hippies. Eu estava nos Estados Unidos durante a era hippie e na Inglaterra durante a época do punk. Ambos eram contra a ordem vigente – isso era o que tinham em comum. Mas os hippies fumavam maconha, o que os tornava complacentes, e a complacência não tinha nada a ver com o punk.
Você é vegetariana desde os 17 anos. Foi resultado de alguma epifania ou foi algo gradual?
Assim que ouvi o termo, soube que era para mim. Desde então entendi que vivo à parte do resto da sociedade, e estou feliz assim. Não quero ser como eles. Acho que matar por prazer é errado. É simples.
Se a gente fizesse um exame em você em busca de drogas, acharíamos o quê?
Um pouco de cafeína. Eu não tomo nada farmacêutico e parei de fumar há um ano. Não fumo maconha há anos. É a única droga que eu sugeriria a alguém, a menos que fosse um dos meus inimigos.
Tem interesse em escrever uma biografia?
Não sou exatamente uma pessoa pública. Eu meio que sinto falta dos velhos tempos, em que um artista dava seu trabalho ao mundo e isso era o sufi ciente. Já li provavelmente uns dez romances de Graham Greene, e não tenho ideia de como ele é fisicamente. Não preciso saber se ele foi casado ou em que cidade morou. Nunca nem pensei nisso.