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Exclusivo: Eric Koston, lenda do skate, fala sobre seu novo modelo de tênis, o Koston 3, que quebra os padrões do mercado

Tecnológico e de design ousado, o item dividiu opiniões, mas garante uma performance superior para os skatistas

Tamara Emy Publicado em 02/03/2016, às 16h29 - Atualizado às 17h48

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O skatista Eric Koston - Divulgação
O skatista Eric Koston - Divulgação

Eric Koston, hoje com 41 anos, continua no topo como um dos skatistas mais talentosos de todos os tempos, sempre se superando com as manobras de estilo absurdo que saem com facilidade de seus pés. Esta semana o atleta revelou seu mais novo modelo, o Nike Hyperfeel Koston 3, que teve origem em uma ideia simples: "Como completar as manobras com sucesso na primeira tentativa".

Com isso em mente, Koston, junto ao diretor de design de calçados da marca, Shawn Carboy, usou todos os recursos que encontrou à disposição para criar o sneaker, que mescla inovações e, ao mesmo tempo, tem uma produção pensada para gerar menos resíduos ao meio ambiente.

O tênis usa a tecnologia flyknit, um tecido em malha leve que se ajusta aos pés e fornece boa ventilação. Investindo no conceito Nike hyperfeel ("hipersensibilidade"), que permite melhor interação com o skate, o modelo também traz entressola com a tecnologia amortecedora Lunarlon, que já havia sido usada no Koston 2. O detalhe inesperado do lançamento é o cano médio Flyknit, que é uma espécie de meia integrada, inspirado na chuteira Flyknit Magista.

Eric Koston falou à Rolling Stone Brasil sobre sair da mesmice do mercado, da inspiração para o novo modelo, a respeito das críticas ao lançamento nas redes sociais e convidou os skatistas mais tradicionais a não se apegar à estética e provar o tênis.

O Nike Koston 3 estará disponível no Brasil a partir do dia 10 de março no site da marca e na loja Hurley/Nike SB do Barra Shopping, no Rio de Janeiro.

Qual a diferença mais notável do novo modelo em relação aos antigos?

Eu diria que a diferença mais notável é o ajuste, até mais que nos outros modelos antigos.

Quais foram suas maiores preocupações na hora de criar o tênis?

Acho que é a mesma preocupação de sempre, e volta um pouco à primeira pergunta: a maior preocupação é o ajuste. Quis fazer com que o tênis fosse como a segunda pele do pé. O tênis se ajusta tão bem que faz exatamente os mesmos movimentos que os pés fazem. Porque a maioria dos tênis de skate não necessariamente faz isso. Sinto que tem um atraso em relação ao movimento que você está tentando fazer. Estou tentando minimizar esse atraso o máximo possível.

Os outros dois modelos assinados por você traziam referências de sneakers de outros esportes, como basquete e golfe. Dessa vez, além de ter a já divulgada inspiração do tênis Flyknit Magista, quais características de outros calçados e esportes você incorporou?

O outro esporte seria mesmo o futebol e o Magista é o maior paralelo ao modelo, sem dúvida. O que tentei fazer foi algo ágil como uma chuteira, que se aproximasse ao máximo do movimento do seu pé. Tem essa referência visual óbvia tirada do Magista, e a carcaça teve o intuito de atingir ao máximo esses objetivos que estamos chamando de hipersensibilidade (hyperfeel) e de fazer o tênis apropriado para o skate.

Vários sites já mostraram e comentaram o Koston 3. Você teve oportunidade de ver a repercussão?

Ah, sim, vi um pouco...

Pude notar que skatistas, de uma forma geral, são apaixonados pelo esporte e têm muitas opiniões: alguns gostaram, outros ficaram com desejo de experimentar o tênis e outros se mostraram surpresos com o visual do modelo. Você sabia desde o começo que seria dessa forma?

Ah, certamente. Eu sabia desde o início que seria um lançamento que faria barulho. Eu sei como os skatistas são [risos]. Ao mesmo tempo, queria quebrar barreiras de como ele poderia ser visualmente e queria que saísse do comum. Tudo se tornou tão velho e copiado que me deixa meio maluco. Fica tedioso, sabe... Não existe criação por trás, então não tem nenhuma criatividade.

Na verdade, o resultado e a resposta têm sido melhor do que eu esperava. Pensei que causaria mais choque e ódio. E isso vindo de todo mundo, até mesmo dos meus amigos e os outros integrantes do time da Nike SB – eu não esperava que quisessem experimentar. Eu estava me preparando para ser massacrado pelas redes sociais, mas não tem sido tão ruim quanto imaginei. É bom. Eu gosto e quero que as pessoas fiquem curiosas, que olhem e fiquem um pouco intrigadas pela aparência e que isso faça com que elas tenham vontade de usar. Talvez não na primeira vez que elas vejam, mas na segunda ou terceira. Quero ir atraindo as pessoas, espero que funcione.

????.....???????????? @nikesb #KOSTON3 #HYPERFEEL Filmed by: ???? @guymariano

Um vídeo publicado por @erickoston em

Muitos skatistas são intensos. Eles levam muito a sério coisas como mall grabbing (segurar o skate pelo eixo, considerado errado) e não respeitam skatistas que andam muito bem de skate, mas não têm estilo, por exemplo… com isso em mente, como você acha que esse consumidor tradicional vai reagir ao lançamento, que traz tanta inovação para um usuário tão tradicional? O que diria a essas pessoas para que elas mudem de ideia ou que tenham a mente mais aberta quanto a ele?

[Risos] Experimente. Acho que seria isso. Ande de skate com ele e depois me conte o que achou. Eu sei que caras como esses querem um tênis muito simples esteticamente. E eu gosto disso, eu gosto de simplicidade. Ao mesmo tempo gosto também de variedade. Mas eu entendo esses caras que não gostam de sair da zona de conforto, é totalmente compreensível. É… eu diria para experimentar. E se eles tiverem problema em olhar para ele, apenas finjam que ele é todo preto [risos], pronto!

O skate hoje em dia é um esporte popular, que atinge várias classes sociais. Aqui no Brasil, temos muitos nomes importantes do esporte que vieram de famílias de baixa renda. O valor final do produto para o cliente é algo que você leva em consideração? Ou você visa apenas a excelência e a funcionalidade? Como você mede os dois lados?

Entendo muito isso, eu também não vim de uma família com dinheiro. Mas fazer um produto premium e de alta performance é algo que custa bastante. Eu amo que a Nike me deu a oportunidade de ousar e tentar fazer o que eu considero um tênis de skate de alta performance. Mas, ao mesmo tempo, sim, eu penso sobre o preço, é por esse motivo que o Koston 1 continua disponível no mercado. Vamos lançar uma versão vulcanizada do Koston 1, também, para que tenha algo disponível por um preço mais baixo. Eu sei que nem todo mundo tem como pagar o Koston 3. Saber que eu tenho essas opções de franquia para dar conta dessa necessidade de haver uma opção mais barata me deu a flexibilidade para criar algo que vai custar mais, mas que vai funcionar muito bem.

O ultimo comercial do seu modelo foi uma super produção, você convidou Tiger Woods e Neymar, por exemplo… Vocês já produziram o comercial do Koston 3? O que você pode antecipar sobre isso?

Esse será mais sobre o tênis em si. Eu quero focar no que é mais importante nele, só o calçado, porque ele é algo chocante para o mundo do skate.

Você é considerado o Michael Jordan do skate, é uma lenda, mas hoje em dia, com a internet e popularização do esporte, a geração mais nova não tem muito conhecimento sobre os demais skatistas da sua geração que pavimentaram o caminho e ajudaram a escrever essa história. Você sente que de alguma forma precisa contribuir para que essa história e essas raízes não sejam esquecidas?

Sim, eu acho. Eu quero fazer isso, mas não é uma sensação de que tenho que fazer isso. Não acho que tenho que sair por aí apontando o dedo e contando as histórias para os mais jovens. Quero que eles entendam o passado e que saibam quem influenciou muitos dos caras que são influentes hoje em dia. Acho que rola esse senso de responsabilidade, porque eu quero que as pessoas saibam como o esporte evoluiu para o que se tornou hoje. É estranho, a história do skate tem 30 anos e já evoluiu muito, mas é algo que ainda está em formação, sendo escrito. Gosto, sim, que as pessoas reconheçam a trajetória, mas os skatistas mais velhos também precisam abraçar o futuro e abrir os olhos para o que está acontecendo agora, porque é algo incrível.

Antes se ser patrocinado pela Nike SB, você sofria com as limitações das outras marcas pra criar seu modelo? Qual a maior vitória nesse aspecto? Que sonhos específicos a Nike ajudou você a realizar?

Ah, é difícil dizer... Muito, tudo! Porque a tecnologia da Nike e os designs me influenciavam bastante mesmo antes de eu ser da Nike. Fiquei empolgado com toda a tecnologia disponível e com outras coisas que eu nem sabia que iam ser apresentadas. Me mostraram novos recursos que ainda nem tinham saído e a gente via o que ia e o que não ia funcionar. Não consigo pontuar uma tecnologia específica, mas é um arsenal, é uma empresa que inova em tudo que faz, em cada esporte. E é um luxo de verdade o fato de eles não entregarem tudo para mim de bandeja e deixarem tudo à minha disposição para que eu aplique como quiser ao skate. Eu adoro, porque sou muito interessado por novos designs.