Disco de versões inéditas mostra o lado básico de George Harrison – e abre o baú do falecido beatle
Pode parecer um sonho para qualquer fã dos Beatles, mas é só mais um dia de trabalho para o produtor Giles Martin: convocado por Olivia, viúva de George Harrison, ele foi até o estúdio particular do músico (que morreu em 2001, vítima de câncer) para escutar as gravações do guitarrista para a trilha sonora do documentário Living in the Material World, chamada Early Takes – Volume 1. “O disco é baseado no que foi usado no documentário do Martin Scorsese”, explica Giles, que é filho de George Martin, produtor e fiel escudeiro de praticamente tudo que os Beatles gravaram. “Quando chegou a hora de ele ser lançado em home video, baseei-me nisto: é um trabalho que representa aquele filme, mas não a carreira dele – e por isso que ele se chama ‘Volume 1’. E também porque eu queria que ele tivesse um clima meio acústico para ser algo ao estilo cantor e compositor.”
As dez canções de Early Takes são mais baseadas no começo dos anos 70, em especial no material produzido para o primeiro solo de Harrison, All Things Must Pass (1970). Segundo o produtor, a qualidade do material nem exigiu tanto reparo. “Ele era um perfeccionista, de certa forma”, diz. “O estúdio caseiro dele, onde trabalhei, é maravilhoso – foi melhor que Abbey Road, em certo momento. Então, a qualidade de gravação era muito boa, só precisamos trabalhar na remasterização.” Esse reparo, aliás, não foi feito de um modo invasivo. “Não afinei nem mudei o andamento de nada, só deixei o som o melhor possível.”
O próximo passo, depois de uma folga na qual o produtor deve começar a trabalhar em um projeto secreto que envolve os Beatles, é continuar a selecionar material inédito de George Harrison para o lançamento de novos volumes, com o segundo chegando ao mercado provavelmente em 2013. “Trabalharei nisso mais para o fim do ano. Todos os envolvidos no documentário precisaram de férias, foi um processo muito intenso”, explica. “Em especial para a Olivia, que teve de lidar com gente como eu trabalhando dentro da casa dela.” Os intervalos também são importantes para não sobrecarregar as lojas. “Já escutei cerca de 30% das fitas dele – e já tenho material para um segundo trabalho, mas o plano é ouvir tudo e depois decidir o que podemos fazer”, diz Giles. “O George não gostava de discos piratas porque achava que eram só curiosidades bobas, material de baixa qualidade. Então quero construir discos que sejam álbuns mesmo, respeitando esse pensamento dele.”