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Firefriend

Ruídos, divagações e um quê de romantismo

Flávia Gasi Publicado em 16/08/2007, às 12h19 - Atualizado em 11/09/2007, às 11h29

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Yury Hermuche e Julia Grassetti, dois terços do FireFriend: cuidados com os - Divulgação
Yury Hermuche e Julia Grassetti, dois terços do FireFriend: cuidados com os - Divulgação

"Não temos nada de novo, mas não temos medo de fazer barulho. Design é o que gostamos de fazer. No papel, nos monitores e na música." A frase, estampada no site do FireFriend, mostra a preocupação da banda paulistana em desenhar suas idéias. O plural da sentença é impreterível, conforme afirma Yury Hermuche, um dos multiinstrumentistas do grupo: "Não acreditamos nessa coisa de passar uma mensagem única. Pode soar meio fake".

Quando se passeia pelo espaço virtual altamente profissional do FireFriend, fica mais natural entender essa colocação. A banda se preocupa em construir referências por meio de uma navegação bem cuidada e variada e de colagens visuais - "o meio mais rápido de se viajar repentinamente", explica Hermuche. O grande trunfo é o estímulo à interatividade, com uma roupagem moderna e zelo pela arte-final das canções e do site, em que também é possível fazer o download de várias músicas e baixar as letras para armazenar no celular.

Yury Hermuche, Julia Grassetti e Pablo Orue fizeram seu primeiro show em 10 de novembro último, quase um ano depois de a banda ser formada. O motivo da relativa demora foi a dificuldade em acertar as linhas de guitarra, baixo, violoncelo, rabeca, gaita, trompete e bateria que formam a música do trio, cujo objetivo é dialogar com o presente e falar sobre encontros e desencontros. "Quando escutei o som, mudei de vida, acabei um casamento, fui fazer terapia. Só aí entrei na banda", conta Orue, baterista e membro mais recente. As influências passam pelo rock de todas as décadas, sem categorias definidas. "Queremos fugir dos rótulos. As pessoas devem escutar e chegar às próprias conclusões", diz Hermuche.

Em meio a ruídos, divagações e letras com um quê de poesia romântica, a banda acredita que a música deve servir para criar climas. O tom moderno permeia toda a criação e, mesmo que as faixas soem como um sopro destoante, Hermuche nega qualquer tentativa de vanguarda. "Não temos nada de novo nas nossas músicas. Mas não temos medo de fazer barulho, nem de ser convencionais."

Para essa "banda de internet", por definição própria, o Creative Commons é uma maneira de começar com o pé no chão. Apesar de ver a distribuição online e gratuita com bons olhos, o FireFriend não quer ser independente. "Esperamos que nossos gastos sejam pagos com shows. Mas não posso dizer o que aconteceria se nos aliássemos a uma gravadora", conta Hermuche. Contraditório, certamente. "A contradição é essencial. A única coisa que não tem contradição é a morte", decreta.