Jovem e veterana, Laura Marling continua tão misteriosa quanto frágil
A história da bela e delicada cantora e compositora britânica Laura Marling, 23 anos, é contada com precisão por meio das cinco tatuagens que ela tem pelo corpo. A primeira, no pulso esquerdo, é de um farol – e também é o brasão da família dela, que vem de uma linhagem nobre. “É tudo besteira agora”, ela diminui, dizendo que os pais eram praticamente hippies fãs de Neil Young. A segunda é uma letra de Ryan Adams, “To Be Young (Is to Be Sad, Is to Be High)”, que ela fez nas costas quando completou 16 anos, logo depois de assinar o primeiro contrato com uma gravadora. Na terceira, as coisas ficam mais incisivas: no pulso direito está o lema da família dela, Nulli praeda sumus, latim para “Não somos presas de ninguém”. Quando terminou de gravar o álbum mais recente, Once I Was an Eagle, Laura estava tão cansada de fazer música que arrumou emprego em um restaurante – e pediu demissão quando, uma noite, Damon Albarn (Blur) mandou de volta um cordeiro que ela havia preparado e, segundo ele, estava passado demais. “E essa foi a minha última noite por lá”, ela conta, rindo. “Saí muito gloriosa.”
A expressão Varium et mutabile, do poeta romano Virgílio, está na quarta tatuagem, na perna de Laura. A expressão completa corresponde a “Inconstante e sempre mutável é a mulher”. Mas ela eliminou a parte “é a mulher”. Porque Laura é assim, mandona e decidida. A quinta tatuagem é feita de pequenos pontos. “Não significa nada”, ela diz, de uma forma que sugere que sim, significa. Ela conta que se mudou para a Califórnia, e que gosta de andar até a livraria para comprar volumes de John Steinbeck e poesia sufista. Depois, anda mais um quarteirão até o café preferido dela. “E o resto”, completa com felicidade, “é só meu”.