Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Folhetim Renovado

Justiça, nova minissérie da Globo, busca as áreas cinzentas entre os conceitos de certo e errado

Stella Rodrigues Publicado em 21/08/2016, às 13h56 - Atualizado em 22/08/2016, às 12h21

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Beatriz (Marjorie Estiano) e Maurício (Cauã Reymond): apaixonados na minissérie Justiça - Globo
Beatriz (Marjorie Estiano) e Maurício (Cauã Reymond): apaixonados na minissérie Justiça - Globo

É pior do que abordar futebol ou política, temas que você não deve levar para o almoço de domingo em família sem estar preparado para, no mínimo, uma bela discussão. Com 20 capítulos, a minissérie Justiça, que estreia na Globo em agosto, traz quatro histórias paralelas que têm em comum o debate acerca de “o que é justo” diante de situações moralmente ambíguas, que no programa irão envolver omissão de socorro, eutanásia, drogas e estupro.

Seguindo o mote de seus trabalhos anteriores, o diretor José Luiz Villamarim (O Canto da Sereia, Amores Roubados, Mad Maria), que assina a direção artística, Justiça vai na contramão da dicotomia vilão-mocinho já tão conhecida das novelas – apesar das premissas de todos os núcleos soarem bastante novelescas. Encontramos esses personagens sete anos depois do momento que mudou a vida deles. Os protagonistas saem da cadeia após cumprirem suas respectivas penas. Vicente (Jesuíta Barbosa) sinou a noiva (Marina Rui Barbosa), e a mãe dela (Débora Bloch) não se conforma em vê-lo solto e crê que a única saída possível é matá-lo. Inocente, Fátima (Adriana Esteves) foi presa por tráfico quando Douglas (Enrique Diaz) plantou drogas na casa dela. Drogas também arruínam a vida da jovem Rose (Jéssica Ellen). Ela é presa com os entorpecentes dos amigos, que a deixam levar

a culpa.

Por fim, Cauã Reymond, que vive Maurício, está no centro da história mais polêmica. A esposa dele, a bailarina Beatriz (Marjorie Estiano), é atropelada, e o motorista (Antonio Calloni) foge sem prestar socorro. Ela acaba tetraplégica e Maurício, então, atende ao pedido desesperado da mulher de pôr fim à vida dela.

“Todos os temas da minissérie me tocam de alguma forma, mas me sensibilizo mais com a minha trama, por estar vivendo essa história por meio do personagem”, reflete Reymond. “É uma situação muito triste. Se acontecesse comigo, não saberia como agir”, diz ele, que afirma que o único personagem que não vê em uma “área cinza” ética e moral é o político interpretado por Antonio Calloni.

Marjorie, por sua vez, não aponta culpados e crê que a beleza do projeto é providenciar situações que vão criar reflexões distintas em pessoas com experiências de vida bastante diversas. “O que mais me arrebata na série, indo além de cada enredo, é esse desconcerto que ela promove”, afirma. “Ela coloca o certo e o errado dentro de um contexto. Aquilo que é supostamente o correto passa a ser um ponto de vista.”

Os dois atores enxergam a forma como o roteiro foge de soluções simples para os dilemas como uma saudável fuga do modelo tradicional de dramaturgia.

“As novelas ficam muito tempo no ar, o que faz com que o público tenha uma noção de como a trama se desenrola. As séries brasileiras, norte-americanas e europeias, de forma geral, vêm propondo algo diferente, que permite aprofundar os personagens mais do que em um longa-metragem”, analisa Reymond. Escrita por Manuela Dias, com a colaboração de Mariana Mesquita, Lucas Paraizo e Roberto Vitorino, Justiça chega para relativizar algumas ideias que pareciam escritas em pedra na TV, e que muitas vezes não refletem a vida real.