Após briga e separação, ex-vocalista do Bonde do Rolê planeja carreira solo e novas parcerias musicais
A saída de Marina Vello do Bonde do Rolê aconteceu exatamente como uma música da banda: rápida, inesperada e com alguns palavrões. Depois de uma apresentação lotada no Scala, em Londres, no início de dezembro, parte da platéia presenciou um desentendimento entre a vocalista e o MC Pedro D'Eyrot. Não houve agressão física, mas os gritos foram muitos, em português e em inglês.
Alguns dias depois, o anúncio oficial: "Com a saída da Marina, é com grande pesar que o Bonde do Rolê teve de cancelar a turnê australiana. A banda não vai mais continuar no mesmo formato, e os integrantes Pedro e Gorky estão atualmente dando duro para recrutar outra pessoa". Por enquanto, não se sabe quem vai ocupar a vaga, mas extra-oficialmente fala-se até da criação de um reality show para definir a nova cantora. Alguns dos shows programados para 2008, como o do festival norte-americano Coachella, em abril, foram mantidos.
Marina voltou ao Brasil, onde passa férias até o fim de fevereiro. Segundo ela, a decisão de sair não foi algo de momento. "Eu já não estava mais feliz e decidi partir para outra", explicou. "Já fazia tempo que isso vinha martelando na minha cabeça, não era uma coisa nova para mim." Ela também aproveita o tempo livre para compor canções novas, tanto em português quanto em inglês, usando uma guitarra. "Uns artistas e produtores me convidaram para trabalhar com eles. E já devo gravar algumas coisas aqui no Brasil também", revela. Essas músicas devem ser usadas em trabalhos de outros artistas e também em um futuro álbum solo de Marina. "Tem uns brasileiros muito legais, com os quais eu já trabalhei, que querem continuar trabalhando comigo. Proposta é o que mais está surgindo."
Antes de receber convites, Marina chegou a pensar em mudar de área. "Já estava me agilizando para fazer faculdade de literatura na França", confessa. "Já estava indo atrás do visto." Os convites para gravar e os conselhos de amigos, entretanto, foram mais fortes. "Já que tanta gente queria e se interessou pelo que eu estava fazendo, vamos ver no que dá. Até porque é divertido."
A vocalista só espera diminuir o ritmo de shows na nova carreira. "Uma coisa que aprendi nos últimos dois anos foi que não há dinheiro no mundo que valha mais do que a sua saúde mental e física e sua vida pessoal. Foi muito sacrifício deixar família, namorado e amigos para trás. É um preço muito alto e dá para fazer diferente", diz, e aconselha: "Nunca coloque a sua vida profissional em primeiro plano". Por mais que soe abatido, Marina jura que o tom de seu discurso não é de arrependimento. "Conheci o mundo inteiro e as bandas que mais gostava, fiz amigos maravilhosos. Não tenho do que reclamar, mas aprendi que nada precisa ser radical. Estamos aqui para ser felizes, né?"