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Furacão Janis

Documentário Little Girl Blue, narrado por Cat Power, conta a vida de Janis Joplin

Juliana Resende Publicado em 08/01/2016, às 16h26 - Atualizado às 16h52

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<b>CURTA E INTENSA</b>
Janis ao vivo em 1969; (no detalhe) a diretora Amy Berg. - Divulgação
<b>CURTA E INTENSA</b> Janis ao vivo em 1969; (no detalhe) a diretora Amy Berg. - Divulgação

Tédio deve ter sido uma palavra inexistente no dicionário desse furacão em forma de estrela do rock chamado Janis Joplin. A história dela é contada pela diretora Amy Berg em Janis: Little Girl Blue, lançado em dezembro nos Estados Unidos. O documentário ferve do início ao fim.

E não é por causa da presença mergulhada em bourbon da protagonista. Também não é por causa da trajetória única e meteórica de Janis. As performances ao vivo estão lá, todas arrasadoras. Mas o que impressiona mesmo é a maneira como ela se transformou de patinho feio em cisne,

fato detalhado neste segundo grande documentário sobre a estrela (em 1974, estreou o muito lembrado Janis, dirigido por Howard Alk).

Narrado em primeira pessoa, na voz da cantora Cat Power, o filme é um tratado sobre a autenticidade de uma performer que chocou em uma época com pouco protagonismo feminino no rock. Há cenas inéditas de shows, bastidores e entrevistas, tendo como fio condutor as cartas

que ela escreveu para a família quando caiu na estrada. Essa narrativa confessional revela uma Janis vulnerável e insegura, apesar da ascensão meteórica. “Janis sublimava no palco seu desajuste e desconforto consigo mesma”, diz a diretora, Amy. “Quando o show acabava, ela tinha de retornar à companhia dela própria, algo que era muito incômodo. Acho que é aí que volta o fantasma da rejeição que permeou toda a adolescência dela, principalmente na escola.”

“Janis não tinha censura, mas isso fazia dela sua maior inimiga”, observa a diretora. “Acho que o mérito do filme é mostrar o quão perigosa a honestidade dela para consigo mesma se tornou. A gente espera que, com a maturidade, Janis se aceite melhor e fique mais confortável em sua própria pele, mas não é isso que acontece. É por isso que logo no começo do filme eu ressalto uma frase emblemática que ela escreveu à mãe: ‘Eu preciso ter orgulho de mim mesma’.”

Janis Joplin morreu aos 27 anos, de overdose, quando tentava se recuperar do vício em heroína e entrar em uma nova fase. O filme mostra um ponto crucial dessa tentativa: Janis no Rio de Janeiro, em março de 1970, aproveitando a vida nas pedras do Arpoador. “Vou para a fl oresta com um beatnik que parece um urso, chamado David Niehaus. Finalmente, me lembrei de que não preciso passar 12 meses por ano em cima do palco. Resolvi curtir algumas outras ‘selvas’ por duas semanas”, disse à época, quando passou três meses no país.