Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Garota Prodígio

Sensação aos 15, Mallu Magalhães experimenta o doce sabor do sucesso

Márcio Cruz Publicado em 07/03/2008, às 16h30 - Atualizado em 20/03/2008, às 12h15

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Mallu Magalhães em seu ateliê onde desenha e conserta instrumentos musicais
Mallu Magalhães em seu ateliê onde desenha e conserta instrumentos musicais

A bandeja do toca-CDs da lanchonete escolhida como local da entrevista já repetia o repertório pela segunda vez, quando Mallu Magalhães e seu empresário chegaram, meia hora atrasados. A conversa seria interrompida para que ela atendesse uma repórter de um jornal. "Desculpa", diz, com a voz infantil, após tentar interromper a ligação algumas vezes. "É o dia inteiro assim. Teve uma semana que foi punk, daí descobri que o celular tinha a função de atender três pessoas ao mesmo tempo...", desabafa, enquanto mexe o fundo do copo de milk-shake com o canudo.

A menina de 15 anos está no olho de um furacão chamado hype. Há pouco mais de um mês, a imprensa especializada só fala sobre - e com - Mallu Magalhães, uma adolescente paulistana que vive em uma casa confortável no bairro do Morumbi, onde além de compor, faz esculturas de papel machê, conserta instrumentos musicais e desenha em seu ateliê. Filha de um engenheiro e de uma paisagista, a garota de olhos vidrados é fã de Bob Dylan, Belle & Sebastian (os quais escuta todos os dias) e Vanguart (pelo menos uma vez por semana). O pai, Dudi Magalhães, incentivou a precoce carreira musical da filha. "Ele tocava para mim 'Leãozinho', do Caetano Veloso, 'Blackbird', dos Beatles e, quando a gente viajava, ouvíamos Neil Young", conta Mallu. Após estourar no MySpace (sua página acumulou centenas de milhares de visitas em um mês), sua rotina passou a incluir entrevistas, reuniões com gravadoras, participações em programas de TV, além das penosas tarefas escolares. "Quando você faz o que gosta, não faz por obrigação. Adoro correria. Pra mim, música é o que há, e é isso." Mallu gosta de terminar as frases com uma expressão definitiva. É assim também nos shows, quando emenda um "acabou" após cada final de música. O público delira.

Em setembro, quando Mallu passou pelas portas do estúdio Lucia no Céu para gravar quatro faixas - "Tchubaruba", "Don't You Leave Me", "J1" e "Get to Denmark" - ela acabava de se encaixar despretensiosamente em um nicho promissor: o anti-folk, a mistura do folk com outras vertentes musicais, explorado por cantoras como Feist, Kate Nash, Cat Power e Regina Spektor. Jorge Moreira, um dos sócios do estúdio, enxergou potencial nas composições e decidiu produzir a gravação, inclusive tocando alguns dos instrumentos.

Mallu tocou suas músicas pela primeira vez em público três meses após a gravação. A oportunidade surgiu por acaso. Durante uma festa na casa da avó de seu melhor amigo, a garota consertou um violão quebrado. Em seguida, foi convidada a tocar algumas músicas ali mesmo. Ao fim do improviso, uma prima do amigo sugeriu que Mallu fosse apresentada a Indaiara Moyano, produtora de shows do Vanguart.

Só faltava uma banda. "Eu comecei a confiar muito no pessoal do estúdio", conta Mallu. "Eles cuidavam do som, faziam tudo. Quando apareceu o primeiro show [no clube Clash, em São Paulo, abrindo para o Vanguart], para quem eu iria pedir uma banda?". Além de Mallu nos vocais e violão e Jorge na bateria, completam o grupo o guitarrista Kadu Abecassis, o baixista Thiago Consorti e o pianista Mario Patrício.

No palco, a febre pela garota se justifica. Insegura, porém bem-humorada, Mallu canta melodias relaxantes com graça e afinação. Espontânea, não usa repertório e decide o que tocar na hora, com a ajuda da banda. "E agora, Kadu?", pergunta. "Você é quem decide, você é a líder da banda", o guitarrista responde. A festa de Mallu está só começando.