A cantora Céu fala sobre as músicas de seu terceiro álbum de estúdio
As constantes turnês e a vida na estrada serviram de inspiração para o terceiro disco da cantora Céu, o recém-lançado Caravana Sereia Bloom (foto). Na edição de fevereiro da Rolling Stone Brasil, Céu explica como surgiu a ideia do álbum, como está sua visão do mercado musical e quais são seus planos para o futuro (leia um trecho aqui). Abaixo, ela conta um pouco sobre cada uma das 13 músicas do trabalho.
“Falta de Ar”
“A música é do Gui [Amabis, marido e parceiro musical de Céu]. A letra é interessante, tem até um pouco a ver com o tema do disco Vagarosa. De fato, às vezes enche o saco isso de que tudo tem de crescer, que a humanidade tem que progredir. Parece que você pensa: ‘Onde vai parar onde esse negócio?’. Claustrofobia.”
“Amor de Antigos”
“Letra e música minhas; é meio amor de velhinho, essa coisa bonita. Nas história parece que essa pessoa já morreu. Um senhor e uma senhora. Escrevi essa letra há muito tempo, a música saiu rapidinho.”
“Asfalto e Sal”
“É uma pegada de ‘Vou, mas mantenho as coisas que me norteiam comigo, as coisas que me dão o chão’. [Tem o verso] ‘No peito o amor, na mão a Rosa’ [Rosa Morena é nome da filha de Céu, de três anos e meio].”
“Retrovisor”
“É uma música de desilusão amorosa, nessa pegada meio rala-coxa, programação de Casiotone. Fiz o comecinho e o Gui teve essa ideia legal de dobrar e ir descendo os tons.”
“Teju na Estrada”
“Essa vinhetinha eu acho muito massa. É meio misteriosa. Teju é um lagarto. É uma coisa meio cinematográfica, de fronteira, o lagarto na estrada, aquele tempo seco. Uma parada bem imagética, acho que esse disco é todo imagético. Todas as faixas têm uma imagem.”
“Contravento”
“Do Gui e do Lucas Santtana, tem esse ar latino que eu estou amando. As três coisas que eu mais escutei nos últimos tempos são Nancy Sinatra, Eydie Gourmé e Trio Los Panchos, e esses caras da guitarrada, como o Alipio Martins. O Gui e o Lucas sabiam que eu estava nisso, então fizeram a música com essa temática.”
“Palhaço” (cover de Nelson Cavaquinho)
“Palhaço – circo, circo – estrada. Amo essa música, canto desde menina. Os meninos [da banda] até me enchem um pouco o saco, porque toda passagem de som eu fico cantando. E meu pai sempre curtiu muito, então chamei ele para tocar. Meu pai não toca há muitos anos, ele se emocionou. Pedi que fizesse 'O Palhaço' totalmente felliniano. E ele entendeu completamente.”
“You Won’t Regret it” (cover de Lloyd & Glen)
“É um rocksteady. Eu nunca consigo deixar de lado o Caribe, meu som está muito naquela região, naquele lugar. Achava que não deveria gravar, porque é sempre uma dúvida, é tão legal o original... Mas ao mesmo tempo foi como quando eu gravei 'Concret Jungle'. O cara faz a música pra ser cantada. As Negresko Sis colocaram vocais.”
“Sereia”
“Quando dou banho na Rosa, canto essa música e ela canta junto. Tem também a temática do folclore, que acho muito bonita. O primeiro disco trouxe muito isso.”
“Baile de Ilusão”
“Programei ela todinha no GarageBand e mandei para o Gui. Ficou bem dançante e ‘bregosa’.”
“Fffreee”
“Gosto de escrever coisas curtinhas assim. Direto eu me questiono: ‘É tão pequeno, podia continuar’. Mas aí eu não consigo. Essa eu até pensei em fazer com outras pessoas, mas mostrei para a galera da banda, eles gostaram e ficou. Eu queria dar essa coisa de feita no GarageBand, esse caráter um pouco de rascunho. Meio tosco mesmo.”
“Streets Bloom”
“O Lucas Santtana arrasou. Eu dei a ideia da música para ele há muito tempo, no VMB, e ele entendeu. Música tem essa coisa: às vezes você fala uma coisa totalmente subjetiva e o cara entende. Essa letra é como se eu tivesse voltando de viagem, por isso está mais para o fim do disco.”
“Chegar em Mim”
“É do Jorge Du Peixe [Nação Zumbi]. Tem uma melodia bonita, acho muito linda essa letra. Eu poderia estar tocando ela em um desses lugares todos, essas imagens que as outras músicas trazem à tona.”