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Imersao alternativa

Sem fazer concessões, o R.E.M. criou uma música intensa e inovadora, além de ajudar a formatar o indie rock

Paulo Cavalcanti Publicado em 21/11/2014, às 10h18 - Atualizado em 08/01/2015, às 16h22

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<b>Jovens aventureiros</b><br>
(Da esq. para a dir.) Peter Buck, Bill Berry, Mike Mills e Michael Stipe. - Divulgação
<b>Jovens aventureiros</b><br> (Da esq. para a dir.) Peter Buck, Bill Berry, Mike Mills e Michael Stipe. - Divulgação

Quando o R.E.M. surgiu no início da década de 1980, ninguém conseguia definir exatamente em que estilo a banda poderia ser enquadrada. Oriundo da cidade universitária de Athens, Geórgia, o então quarteto deu início à popularização do rock alternativo. Michael Stipe (vocal), Bill Berry (bateria), Mike Mills (baixo) e Peter Buck (guitarra) tinham muita influência da estética do punk, mas, em relação ao som, preferiam resgatar o folk-rock melódico do The Byrds e juntar isso à pegada do power pop e do rock de garagem. Os elementos principais do som deles já tinham sido ouvidos antes, mas a excelência das composições e a execução precisa fizeram a diferença. Em 2011, depois de registrar inúmeros clássicos, o trio remanescente anunciou amigavelmente o fim das atividades. Com isso, o mundo do rock perdia alguns de seus mais íntegros habitantes.

DocumentSetembro de 1987 I.R.S.

Com Document, o R.E.M. finalmente começou a jornada rumo ao primeiro time do rock mundial. A habitual qualidade musical foi alavancada por um excelente desempenho comercial.

A afirmativa “The One I Love” e a farra niilista de “It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)” tornaram o álbum inesquecível. Mas faixas como “Welcome to the Occupation” e

“Disturbance at the Heron House”, trazendo letras de cunho político e social, não deixavam ninguém esquecer que o quarteto, embora mais popular, continuava sério.

GreemNovembro de 1988 Warner

O quarto álbum do R.E.M. é de grande importância na discografia da banda. Foi o primeiro disco pela poderosa Warner, o que deu ao grupo a visibilidade que necessitava. Todas as

conquistas de Document não só foram mantidas como também aprofundadas. A irônica “Pop Song 89” e o manifesto antiguerra “Orange Crush” ganharam o grande público. Green tem outras

ótimas faixas, como a pegajosa “Stand” e a poderosa “Turn You Inside-Out”.

Out of timeMarço de 1991 Warner

Out of Time foi um monstro, do ponto de vista comercial. O álbum ganhou disco de platina em inúmeros mercados e fez com que os integrantes da banda, antes amada apenas pelo público universitário, se transformassem em ídolos globais. Naturalmente, os mega-hits “Losing My Religion” e “Shiny Happy People” (com participação de Kate Pierson, do B-52s) impulsionaram a

popularidade do trabalho. Mas o álbum, que tem uma produção impecável e uma notável diversidade sonora, é repleto de outros grandes momentos, como “Radio Song” e “Endgame”.

Automatic for the peopleOutubro de 1992 Warner

Esse é certamente o momento mais melancólico do R.E.M., especialmente por causa da devastadora balada “Everybody Hurts” e de “The Man on the Moon” (homenagem ao autodestrutivo

comediante Andy Kaufman). Para realçar um conjunto de faixas que falavam de morte, envelhecimento, doença e perda, a banda lançou mão de cordas, teclados e uma variedade de instrumentos acústicos. Apesar dos temas difíceis, as canções descem como mel. John Paul Jones (Led Zeppelin) foi responsável pelos arranjos e deu a Automatic ... um ar majestoso.

MurmurAbril de 1983 I.R.S.

No álbum de estreia, o R.E.M. desafiava tudo aquilo que era feito nos anos 1980: nada de sintetizadores, solos longos ou demonstrações inúteis de virtuosismo. O que temos nesse

trabalho são canções sólidas, reforçadas pela guitarra cintilante de Peter Buck e pelos vocais confiantes de Michael Stipe. Alguns dos destaques são as faixas “Perfect Circle” e “Radio Free Europe”.

ReckoningAbril de 1984 I.R.S.

No segundo trabalho, Michael Stipe e companheiros fugiram do espectro do antecessor, Murmur. No geral, Reckoning é um pouco mais leve e arejado. “(Don’t Go Back to) Rockville” explicita o interesse pelo country-rock e “Camera” e “Time After Time” são mais reflexivas.

Fables of the ReconstrutionJunho de 1985 I.R.S.

A influência da música folk sempre foi muito presente no trabalho do R.E.M., mas aqui as experiências com o estilo foram aprofundadas pelo produtor Joey Boyd. Nesse sinistro passeio pelo sul dos Estados Unidos se sobressaem as enigmáticas “Driver 8” e “Green Grow the Rushes”.

Lifes Rich PageantJulho de 1986 I.R.S.

Com Lifes Rich Pageant , o quarteto começava a aprender a fazer canções que conseguiam ser ao mesmo tempo acessíveis e profundas. O amadurecimento do R.E.M. é explicitado em faixas como “Cuyahoga” e “Begin the Begin”, que apontavam para coisas ainda maiores.

New Adventures in HI-FISetembro de 1996 Warner

O baterista Bill Berry se despediu aqui, nesse álbum mais básico que teve as bases gravadas em vários estúdios enquanto a banda excursionava. A hipnótica “Leave” se arrasta por sete

minutos. Já “The Wake-Up Bomb”, com Stipe imitando um sotaque inglês, parodia o Oasis.

AccelerateMarço de 2008 Warner

Em Accelerate, o R.E.M. busca uma conexão com os antigos fãs. Usando uma produção mais enxuta e guitarras límpidas, o grupo também soa mais alerta e agressivo. “Living Well Is the

Best Revenge” é um recado aos detratores e o single “Supernatural Superserious” foi bem recebido.

Collapse Into NowMarço de 2011 Warner

O derradeiro álbum do R.E.M. fez jus a tudo que eles já tinham feito. A banda havia planejado o final e, para se despedir, cunhou em Collapse Into Now uma paleta sonora que remontava a diferentes partes do passado.Conseguiram isso sem que parecesse paródia ou reciclagem.

MonsterSetembro de 1994 Warner

Caso seja correta a teoria de que quase toda grande banda lançou um “disco grunge”, esse é o álbum do R.E.M. nessa linha. A guitarra distorcida e pantanosa de Peter Buck domina as faixas

e o vocal de Michael Stipe fica soterrado na mixagem. “What’s the Frequency, Kenneth?” se tornou cult.

UpOutubro de 1998 Warner

O primeiro álbum sem o baterista Bill Berry contraria o título: não tem nada “para cima”. Ele é sombrio e introspectivo, apoiado por teclados e momentos orquestrais. As melhores: “Suspicion”, que parece ter saído da trilha de um filme de James Bond, e “At Most Beautiful”, que xeroca os Beach Boys no período 1967/1968.

RevealMaio de 2001 Warner

Um lançamento pouco característico, Reveal, álbum liderado pelo single “Imitation of Life”, ainda tem o aspecto de uma tentativa da banda de soar um pouco mais contemporânea. Ela

faz isso injetando toques de som ambiente e de música eletrônica em faixas como “All the Way to Reno (You’re Gonna Be a Star)” e “Beachball”.

Around the sunOutubro de 2004 Warner

Apesar de ainda contar com o respeito da crítica e com o apoio dos fãs, o R.E.M. parecia perdido na época do lançamento de Around the Sun. O disco é um tanto distante, sem grandes

arroubos. Os músicos estavam aborrecidos e isso fica claro. Mas faixas como “Leaving New York” e “Wanderlust” mantêm a dignidade da banda.

R.E.M. LiveOutubro de 2007 Warner

O primeiro registro ao vivo do R.E.M. foge à regra e não é uma compilação de grandes sucessos, embora tenha “Losing My Religion” e “Everybody Hurts”. O CD duplo, que foi gravado em 2006 em Dublin, na Irlanda, também abriga versões musculosas para favoritas, como “What’s the Frequency, Kenneth?” e “I Took Your Name”.