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Intuição Afinada

Cibelle rejeita o título de musa da bossa nova

Márcio Cruz Publicado em 01/03/2007, às 00h00 - Atualizado em 31/08/2007, às 19h01

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Cibelle: cantando para o mundo - Marcos Hermes
Cibelle: cantando para o mundo - Marcos Hermes

A garota de vestido tomara-que-caia, assessórios coloridos e dourados, voz fina e linha vermelho-garça rasgando os olhos chama-se Cibelle Cavalli - e ela está em êxtase. Dona de uma das vozes mais belas da nova safra da MPB e alheia às fórmulas que ajudaram colegas menos talentosas a se estabelecerem no mercado, a cantora paulistana optou por uma carreira internacional que a levou a radicar-se na Inglaterra e a estabelecer parcerias de sucesso pelos palcos mais famosos do mundo.

Em fevereiro, Cibelle fez uma bem-sucedida turnê pela Europa. "Cheguei ontem de Lisboa. Os shows estavam lotados. Sold out!", comemora. No início do mesmo mês, participou, a convite de David Byrne, do show Welcome to Dreamland, no Carneggie Hall (Nova York), ao lado de artistas como Coco Rosie, Vetiver, Vashti Bunyan, Adem e Devendra Banhart. A parceria com Devendra não era novidade para Cibelle. Os dois se encontraram pela primeira vez antes da gravação de um programa de TV francês em que se apresentariam juntos. O encontro rendeu uma amizade e a participação do cantor norte-americano na faixa "London London", cover de Caetano Veloso incluída no segundo disco de Cibelle, The Shine of Dried Electric Leaves (2006).

Considerada parte do primeiro time da gravadora belga Crammed, cujo selo Ziriguiboom lançou na Europa artistas como Bebel Gilberto e Trio Mocotó, Cibelle atualmente passa a maior parte do ano em turnê entre a Europa e os Estados Unidos. "Ela nunca quis ser uma nova 'bossa nova baby'. É uma artista de verdade. Muito boa com tecnologia e em experimentar novos sons", derrete-se Hanna Gorjsczkowska, diretora artística da Crammed. O futuro de Cibelle parece estar entre os caminhos que alinhavam a música, as artes plásticas e cênicas, como é possível notar em sua figura, colorida e afinada. Otimista, encerra a conversa com um quase-mantra: "Todo músico deve acreditar na música que sente. Tem de deixar sair o que tem aqui dentro e depois ver o que saiu. E trabalhar com a intuição".