O vocalista do Thirty Seconds to Mars fala sobre o novo disco e por que critica o bitcoin e as guitarras
O quinto disco do Thirty Seconds to Mars, lançado em abril, tem o que o líder, Jared Leto, chama de “um título, ahn, bem carregado”: é America. Também é o trabalho com mais eletrônica que a banda já fez desde a estreia autointitulada, em 2002, e o mais pop, cheio de convidados, como Halsey e A$AP Rocky, além de uma faixa produzida por Zedd. “Não tem necessariamente hinos grandes e bombásticos com guitarras”, diz Leto. “Por muito tempo, quis fazer um álbum sobre o sonho americano e o conceito de América – e, no meio do caminho, pensei: ‘Acho que estou fazendo agora’.”
No single “Walk on Water”, você canta: “Fazer amor com o diabo dói”. Pode falar mais sobre esse sentimento?
É a velha história sobre o coelho que queria pegar carona nas costas do crocodilo. No final, ele come o coelho e diz: “Sou um crocodilo, o que você esperava?” Então, se você faz um acordo com o diabo, pode esperar algumas coisas. “Walk on Water” é muito sobre o momento em que estamos vivendo.
O diabo talvez esteja no Salão Oval?
Pode pegar isso como exemplo. Toquei essa em Paris para 15 mil pessoas e fiquei espantado porque elas cantaram alto. Você pode escrever uma música sobre a América, mas estas são preocupações globais.
O que o levou na direção de sons eletrônicos neste álbum?
Sempre amei essa mistura, seja o Depeche Mode, o Who usando sintetizadores, seja o Pink Floyd usando qualquer tecnologia que existisse para chegar aonde a música precisava ir. Além disso, pratos de bateria altos e guitarras distorcidas não são bem traduzidos atualmente. Se você aumenta o volume disso agora, seu ouvido começa a sangrar.
Não é porque, na verdade, tudo está sendo masterizado alto demais?
Você está totalmente certo. Era agradável aumentar o Zeppelin ou o Nirvana até o volume 12 no carro. Agora, todos reclamam.
Em que tipo de pop e hip-hop moderno você se inspira?
Kanye [West] sempre é uma inspiração por sua coragem. E uma das minhas músicas preferidas nos últimos anos é do Father John Misty, “Bored in the U.S.A.” Não ouvia esse tipo de verdade em uma faixa fazia muito tempo. Em geral, algumas das maiores canções no mundo agora têm, tipo, três instrumentos, incluindo o vocal. Estamos nesta época de minimalismo incrível e, para uma banda que está a toda, é divertido experimentar em novo território e romper as próprias regras.
Você deu à turnê o nome da nova instrumental, “Monolith”, que tem um som imenso. Sua inspiração foi Hans Zimmer?
Não diretamente. Com as instrumentais, digo ao engenheiro: “Licença, preciso da cadeira por um tempo”, abro o Pro Tools e começo, basicamente, a compor. Sempre amei trilhas sonoras, desde, tipo, Ennio Morricone e Tangerine Dream. Amava até a porra do Carruagens de Fogo quando era moleque. E o álbum de A Última Tentação de Cristo é um dos meus preferidos de todos os tempos. “Monolith” é a introdução para esta escultura gigante e cinética que colocamos no meio do estádio nesta turnê – há um monólito de 18 metros de altura no local.
Você filmou Esquadrão Suicida e Blade Runner 2049 enquanto trabalhava neste álbum. Algum desses filmes influenciou?
Quando foco em algo, foco completamente nisso e, quando faço música, sou parte empresário, parte marqueteiro, parte diretor criativo, produtor, escritor, músico, cantor, compositor. Gosto disso, mas me deixa maluco muitas vezes. Para este álbum, temos um documentário sobre a América com cenas rodadas em todos os estados no dia 4 de julho de 2017. Estamos editando. Tem sido uma leva de desafios criativos incríveis. Acho que nunca trabalhei tanto na vida.
Como um grande investidor em tecnologia, o que acha do bitcoin e de criptomoedas?
Não mexo com cripto. Esse deveria ter sido o nome do disco, na verdade. Perguntei a duas das pessoas mais inteligentes e bem-sucedidas do mundo, e ambas tinham uma opinião negativa sobre isso. O que não significa que elas não possam estar erradas.