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Jimmy Page

Guitarrista relembra o passado como cantor de coral e fala sobre músicas novas

David Fricke |Tradução: Lígia Fonseca Publicado em 16/12/2014, às 18h47 - Atualizado em 16/01/2015, às 20h36

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Jimmy Page - Led Zeppelin - Evan Agostini/AP
Jimmy Page - Led Zeppelin - Evan Agostini/AP

"Não pretendo revisitar os arquivos por um tempo daqui para a frente”, afirma Jimmy Page com um sorriso, na opulenta biblioteca de um hotel em Londres. Hoje com 70 anos, o ex-guitarrista do Led Zeppelin passou boa parte da última década em um frenesi retrospectivo: reunindo imagens para sua impressionante autobiografia fotográfica, chamada apenas Jimmy Page (sem previsão de lançamento no Brasil), e fazendo a curadoria das reedições de luxo dos históricos álbuns de estúdio da banda. Ainda que agora esteja resignado, Page não deixa de se referir à recusa do vocalista do Zeppelin, Robert Plant, em fazer uma turnê depois do show de reunião da banda em Londres, em 2007. “Como não teria mais nenhum show, pude me concentrar nessas ideias mais excêntricas”, ele afirma sobre o livro e os relançamentos.

Você fez mais trabalho de divulgação para essas reedições do que fez durante toda a existência da banda. Fica cansado de falar sobre o passado com o Led Zeppelin?

A verdade é que criei isso. Em julho de 1968, fiz meu último show com o Yardbirds. No final daquele ano, o Led Zeppelin havia lançado um álbum e estávamos tocando nos Estados Unidos. Tinha um compromisso com isso. Compus material o tempo todo, moldando riffs de guitarra e o resto. Sendo o produtor, a pessoa que esteve no estúdio mais vezes do que os outros, eu tinha mais pontos de referência sobre o trabalho que foi feito. Tinha o conhecimento para fazer todas essas reedições. Não haveria outra pessoa para fazer isso.

Em seu livro, você menciona uma visita a uma mulher que lia mãos um dia antes de um show do Yardbirds em Los Angeles. O que ela disse?

Era ele, na verdade [risos], embora se parecesse mais com uma mulher. [O futuro empresário de turnê do Zeppelin] Richard Cole estava comigo, então tenho uma testemunha. A principal frase foi: “Você tomará uma decisão daqui a pouquíssimo tempo que mudará sua vida”. Em menos de 48 horas, os outros integrantes do Yardbirds disseram que não queriam continuar com a banda.

O livro começa com uma foto sua como cantor de coral aos 13 anos. Você realmente sabe cantar?

Agora não. Tenho uma dessas vozes mais ásperas e sem alcance algum, mas canto em discos do Led Zeppelin.No primeiro álbum, faço vocais de apoio. Em “Thank You” [de Led Zeppelin II], canto no verso. Não sou um bom cantor [dá um sorriso enorme]. É por isso que Robert entrou para a banda.

As mixagens alternativas nas reedições de Led Zeppelin IV e Houses of the Holy (lançadas em outubro) destacam detalhes cruciais dos álbuns originais. O sucesso do Led Zeppelin colocou em segundo plano o trabalho árduo nas gravações?

Os detalhes aparecem em nível inconsciente. Os efeitos não são esfregados na sua cara, estão aqui atrás [põe as mãos atrás da cabeça]. A profundidade e as camadas – aquilo foi intencional. O quarto álbum exigiu comprometimento. Estávamos morando em uma casa com um caminhão de gravação, comendo e dormindo música juntos. Podíamos levar tudo a extremos, como foi em “When the Levee Breaks”. É tão densa e sombria – não há uma cor para descrevê-la. Não é negra, é mais escura que isso [risos].

Ao dissolver a banda depois da morte de John Bonham, você perdeu uma chance de reconstruir o Led Zeppelin e seguir em frente, como fez o The Who depois de perder Keith Moon. Por que vocês simplesmente não deram uma pausa?

O Led Zeppelin não era uma entidade corporativa, era uma coisa do coração. Gosto de pensar que, se fosse eu quem tivesse morrido, os outros teriam tomado a mesma decisão. O que iríamos fazer? Criar um papel para alguém, dizer: “Você tem de fazer isso dessa forma?” Não seria honesto. Houve tentativas [na reunião] que não funcionaram, tentando juntar tudo na pressa. É por isso que o show de 2007 teve de ser feito com aquele objetivo, para que Jason [Bonham, filho de John] sentisse que era parte da banda, e não uma novidade.

Você respondeu recentemente a uma pergunta sobre fazer músicas novas em carreira solo, dizendo: “Ano que vem”.

Realmente pretendo ser visto tocando. Tenho um plano. Não vou contar nada a ninguém [sorri]. Prefiro simplesmente pegar as pessoas pela jugular – quando eu estiver pronto.