Pop enlouquecido com nível superior
Bruno Natal Publicado em 01/07/2007, às 00h00 - Atualizado em 11/09/2007, às 11h28
"Tipo de mulher predominante no mundo. Banida das capas de revistas, ela é a anti-heroína, o mal necessário. Elas sempre te divertem." Essa é a definição de baranga no dicionário do músico carioca João Brasil. "Baranga", a música, foi lançada ano passado. Com o hilário refrão "Baranga / Cheia de marra / Cintura de ovo / Pega quem quiser / Mas tem que chegar", transformou-se em sucesso na internet e aos poucos ganha o mundo real.
"A música foi parar em sites, blogs e começou a crescer. Depois, fiz 'Supercool' e as pessoas pediram mais. 'Mamãe Virei Capitalista', com participação do De Leve, veio nessa leva", explica o hitmaker.
A rede tem tido papel importante na formatação de João Brasil como artista. Seu estilo foi definido por um fã, através de um comentário postado no YouTube, como "Nova Guarda". O complemento do nome artístico, João Brasil & Seus 8 Hits, também foi pescado do recado de um admirador no MySpace.
Os temas das letras são variados, tratados sempre com ironia, seja sobre paixonites por prostitutas ("Elisa"), bebedeiras ("O Carnaval Acabou com o Meu Fígado") ou brochadas ("Pau Molão"). Todas, diz João, são autobiográficas. "Quero fazer as pessoas rirem, se divertirem. Acho que falta humor e mais músicas alegres como o funk", explica.
Suas produções simples, misturando timbres eletrônicos do começo da década de 1990 com batidas de funk e levadas de soul, soam calculadamente toscas.
Produtor de mashups, dono do estúdio Lontra (RJ), com diploma de publicidade e outro da prestigiada faculdade norte-americana Berklee College of Music pendurados na parede, João às vezes recebe cobranças por um material mais elaborado. "Faço minhas músicas de maneira séria. As pessoas imaginam Berklee como um antro de jazz, que o cara tem que sair de lá um virtuoso. Tem quem vá pra lá para aprender a fazer música pop, rock, eletrônica."
Aos poucos, os hits de João Brasil chamam a atenção da mídia. A aproximação com o grande público veio quando "Baranga" foi adotada como hino da campanha "Faça uma encalhada feliz", do programa Mucho Macho, apresentado por Marcos Mion na MTV. "O Mion anunciou a música dizendo que havia sido enviada por mim, só que eu não sabia de nada. Só depois, um garoto me escreveu contando que tinha sido ele mesmo quem tinha mandado, falando que era eu!", conta João. Outro sucesso, "Mônica Waldvogel", feita em homenagem à jornalista homônima, ganhou elogios da própria musa inspiradora. "Ela me escreveu falando que adorou e dizendo que 'ia acabar ficando famosa'", comemora.
Seus planos para o futuro incluem participar dos festivais independentes e enfrentar os roqueiros armado apenas com seu teclado e laptop. "Vou na cara e na coragem. Só estou conseguindo agradar o público porque estou agradando a mim mesmo."
