Simon Vozick-Levinson | Tradução: J.M. Trevisan Publicado em 06/09/2013, às 12h29 - Atualizado às 12h32
O Queens of the Stone Age está para subir ao palco no Brooklyn, em Nova York, mas o líder da banda, Josh Homme, está sumido. Nos bastidores, o guitarrista Troy van Leeuwen, o tecladista Dean Fertita, o baixista Michael Shuman e o baterista Jon Theodore brincam com instrumentos acústicos enquanto tomam drinques caprichados. De repente, Homme invade a sala. Todo mundo se vira para o guitarrista e vocalista de mais de um 1,80 m. “Foda-se”, Homme anuncia, rasgando uma cópia do set list da noite com um sorriso demoníaco e servindo-se de um shot de tequila. “Vamos tocar o disco novo do começo ao fim.” O Queens espanca a plateia com os riffs malignos e os grooves quebrados de . . . Like Clockwork e a galera delira, socando o ar. Poucos dias depois, o disco estreia na posição número 1 da parada norte-americana. É um feito impressionante para o primeiro álbum do grupo em seis anos – que é também o primeiro desde que terminaram uma longa relação com a gravadora Interscope para assinar com o selo indie Matador.
A maior parte do mundo conheceu Homme e seus companheiros em 2000 – ele era o louco que rosnava a frase “Nicotine, Valium, Vicodin, marijuana, Ecstasy and alcohol/C-c-c-cocaine!” repetidamente em um dos primeiros sucessos do Queens, “Feel Good Hit of the Summer”. Os anos seguintes passaram como um raio, um borrão de brigas de bar e desentendimentos com outras bandas. Em 2005, um juiz fez Homme passar por um tratamento para controlar o temperamento, depois que supostamente quebrou uma garrafa na cabeça de outro músico. “Não aprendi nada”, ele disse em uma entrevista, dois anos depois. Mas hoje, é um marido satisfeito e pai de duas crianças. Será que Homme ainda pega tão pesado quanto costumava nas baladas? “Você diz, como se fosse 1999?”, ele pergunta. “Mas não estamos mais em 1999.”
Ainda assim, o bom e velho monstro do rock não sumiu totalmente. E há uma veia sombria não muito longe da superfície. Tente perguntar como ele se sentiu depois de excursionar pelo mundo com o Them Crooked Vultures em 2010, a banda que formou com o amigo Dave Grohl e o baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones. Ao final da turnê, diz Homme, “eu estava me sentindo cansado de tudo. Musicalmente falido”. O humor dele não melhorou quando complicações em uma cirurgia no joelho o forçaram a ficar de cama por três meses. “Eu estava amargurado e irritado”, conta. “Você pensa: ‘Deus, queria poder me livrar de mim mesmo’. Odiei música por um tempo. Eu pensava: ‘Quem se importa?’”
Homme teve uma ideia que achou renovadora: ir para a estrada para promover o relançamento do disco de estreia do Queens, lançado em 1998 – o que significava ensinar a formação atual, que juntou-se apenas anos mais tarde, a tocar as músicas que haviam dado início a tudo. “Eu esperava que isso despertasse algo em mim, entende? Mas eu ainda estava bem perdido. Tateando no escuro, procurando algo em que me apoiar.” Depois disso, os outros integrantes o convenceram a trabalhar em um álbum novo.
Com a demissão do baterista Joey Castillo, Dave Grohl foi o primeiro a ser lembrado. Ele contribuiu em cinco faixas, dando impulso às sessões antes empacadas (Theodore, ex-Mars Volta, acabou titular). Mas, para os fãs de verdade, o ponto mais alto são as duas faixas com vocais de apoio do ex-baixista Nick Olivieri, demitido em 2004. “Com todas as idas e vindas nesta banda, você nunca sabe o que vai acontecer”, diz Van Leeuwen. “Não consigo nem contar quantas surpresas agradáveis e horríveis já aconteceram na minha vida. Faz com que você se sinta vivo.”
Depois de agitar o Brooklyn, a banda segue para celebrar em um bar no East Village. “Estou meio cansado”, Homme reclama para ninguém em particular. “Tenho de estar acordado com meus filhos às 7h.” Ok, beleza, ele dá o braço a torcer – vai ficar para um drinque ou dois. O resto do Queens ainda está pegando pesado quando já passa das 3h. Mas, espere, onde está Homme? Ninguém parece saber. Do nada, ele sumiu de novo.