Katiuscia Canoro, a Lady Kate, quer espalhar teorias anarquistas por aí
"Não gosto de comédia. Filme de humor? Morro de preguiça. Às vezes dou risada de coisas que não são engraçadas." Essa declaração dita por qualquer mortal já seria esquisita e ela fica ainda mais grave tendo saído da boca de uma das humoristas mais bem cotadas do momento: Katiuscia Canoro.
Em uma hora e meia de bate-papo no Cafeína, em Ipanema, onde os cariocas adoram sentar no meio da tarde para jogar conversa fora, descobre-se que a mulher por trás da Lady Kate - a ex-prostituta, hoje milionária, que dá show no Zorra Total - discute política, revolta-se com a falta de consciência geral e gosta das coisas simples da vida.
Mas o que tem feito essa curitibana de 30 anos gargalhar é mesmo o CQC [Custe o Que Custar]. "Eles são um grupo terrorista do bem e fazem o que sempre quis. Tenho várias teorias anarquistas. Acho, por exemplo, que a saúde e a educação melhorariam se houvesse uma lei que obrigasse os homens do poder público a colocar seus filhos em escolas do governo e cuidar deles em hospitais públicos. É que, no Brasil, ninguém reclama de nada. E o povo joga lixo para fora da janela do carro. Dá vontade de chorar de raiva", lamenta.
Katiuscia não é barraqueira como Kate, mas é tão espontânea quanto. Foi assim, sem forçar a barra, que ela percebeu seu dom para o humor. "Era a palhacinha da turma. Tinha o tempo da piada e uma certa facilidade para criar tipos. Percebi isso quando fiz um Chicó muito divertido em uma montagem de O Auto da Compadecida. Abria a boca e todo mundo gargalhava", relembra.
Outro ponto em comum entre criadora e criatura é a beleza. São padrões diferentes, vá lá: enquanto uma exagera na maquiagem, nas jóias e nos paetês, a outra faz a linha despojada (no dia do encontro, a comediante usava calça jeans larguinha, camiseta listrada e sandálias). Mas as duas andam brilhando: Kate, todo sábado à noite, na TV Globo; Katiuscia, sempre que anda pelas ruas do Rio. "As pessoas já me reconhecem. O mais interessante é que eu não me vejo na Lady Kate. Tenho um estilo menina, não sei usar brinco. E ela é uma mulher."
Você lê esta matéria na íntegra na edição 27, dezembro/2008