Com novo álbum, Lenine reafirma sua paixão pelo disco de vinil e rejeita rótulos óbvios
Após sugerir uma conversa ao vivo em vez do tradicional telefone, é o próprio Osvaldo Lenine Macedo Pimentel quem abre as portas de sua casa, no Rio de Janeiro. Sempre olhando nos olhos, o músico de 49 anos defende o resgate da velha bolacha, fala sobre sua carreira no exterior e confessa, sobre o recém-lançado Labiata: "Este é o meu disco mais íntimo".
Em um momento em que muitos artistas estão investindo em novas mídias, você lança Labiata também em vinil. Por que resgatar o formato?
Lembro de quando começamos a fazer os primeiros shows fora do país, há 15 anos. Eu entrava numa grande loja, e os discos estavam escondidos numa prateleira. E era pouca coisa que saía em vinil. Hoje, a gente vê seções inteiras. A impressão que tenho é de que o vinil resgatou um espaço como objeto de prazer e desejo. Eu sou fruto desse universo. Meu primeiro disco, Baque Solto [1983], saiu numa época em que não existia a possibilidade de se aventar outro veículo que não o vinil. Então, para mim, tem o dado passional.
Você também sente diferença no som quando ouve um vinil ou um CD?
A ausência da agulha no sulco faz diferença. Tenho pick-up e CD player no mesmo receiver. Coloquei o vinil e o CD para tocarem simultaneamente. Se você não faz isso, não percebe, porque a gente se acostuma com a audição. Mas mostrei aos meus filhos, que são frutos do universo digital, e foi incrível ver que eles sentiram a diferença. Não é saudosismo, é uma constatação: no universo da reprodução, nada substituiu ainda a agulha e o contato dela com o sulco.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 26, novembro/2008