Em processo de reinvenção, VMB premia o mainstream e valoriza o escracho como forma de expressão
Renovação era uma questão de honra para a organização da versão 2009 do Video Music Brasil, a hypada premiação multimídia bancada pela MTV. Após uma edição 2008 maculada por um vexaminoso playback do Bloc Party, a emissora se viu simultaneamente na obrigação de apagar a má impressão e reestruturar a festa. Seja do ponto de vista da plateia do Credicard Hall ou pela TV, a mudança foi visível - para melhor. Se não houve exatamente uma revolução de formato, detalhes pertinentes colaboraram para os climas de efi ciência e frescor, como o fato de a maioria das categorias ter sido premiada fora do programa principal (em eventos previamente gravados).
A expectativa maior pesava sobre o desempenho de Marcelo Adnet como mestre-de-cerimônias, e o humorista evitou gastar a imagem à toa: a maioria de suas aparições entre uma categoria e outra foi precisamente calculada para
deixar um gostinho por mais. Provou ter carisma e repertório suficientes para falar a linguagem pregada pela MTV, sem para isso apelar em excesso. Mas espaço havia para o escracho e o constrangimento ao longo da noite, desde o teatro-performance do Massacration à aparição desnecessária de Théo Becker, culminando com o infindável discurso-despedida de Marcos Mion. No quesito premiação, o mainstream foi privilegiado em detrimento aos tantos indicados "independentes": Skank, Paralamas e NX Zero levaram os prêmios de sempre, mas a surpresa (se é que pode ser chamada assim) foi a consagração do Fresno como Artista do Ano, anunciado por um Ronaldo Nazário econômico nas palavras e visivelmente desconfortável e fora d'água. Diversidade é bom e a gente gosta, mas ao vivo nem sempre funciona.