Apple entra – já causando polêmica – no disputado mercado dos serviços de streaming de música
Em 8 de junho, a apple fincou a própria bandeira no fértil terreno do streaming de áudio ao lançar o serviço Apple Music, que coloca a grife tecnológica na briga com Spotify, Deezer, Rdio, Google Play e afins. Tim Cook, presidente da empresa, reservou a parte final do seu discurso no tradicional evento WWDC (The Apple Worldwide Developers Conference) para o anúncio da novidade. Soma-se a isso o fato de que, há um ano, ele desembolsou US$ 3 bilhões para adquirir a Beats, companhia sensação de fones e aparelhos sonoros, criada pelo rapper Dr. Dre e pelo empresário Jimmy Iovine.
A grandiosidade da conferência realizada em São Francisco, na Califórnia, com a presença dos artistas Drake e The Weeknd, é um indício da gana com que a sempre espalhafatosa Apple entra nesse mercado, do qual todo mundo parece querer um pedaço.
Desde 30 de junho, a companhia está em mais de 100 países (incluindo o Brasil) oferecendo cerca de 30 milhões de canções online.
Para ter uma ideia de outros números, o Spotify, por exemplo, um dos líderes mundiais do ramo, afirma ter mais de 15 milhões de usuários pagos e mais de 60 milhões em geral nos 58 países em que está disponível. Desde junho de 2014 em território brasileiro,
a marca já realizou 3,8 bilhões de execuções de músicas para o público nacional.
Uma diferença fundamental da Apple Music para os concorrentes é que ela não oferece uma opção de plano gratuito. O assinante tem direito a três meses de isenção e, a partir daí, poderá escolher entre pagar (no Brasil) US$ 4,99 mensais, em um plano individual, ou US$ 7,99, para até seis pessoas.
Mathieu Le Roux, diretor na América Latina da Deezer, start-up francesa presente em 182 países (sendo que o Brasil é o segundo maior mercado, atrás apenas da França), acredita que a Apple chega embasada pela experiência com o iTunes, que tem um sistema de venda de faixas e álbuns individuais. “A Apple conhece muito bem o mercado da música”, afirma.
Entre parte dos artistas, essa onda ainda é vista com desconfiança. Taylor Swift retirou o repertório dela do Spotify no final de 2014, insatisfeita com o retorno econômico obtido, e detonou a Apple publicamente, no final de junho deste ano, pelo fato de a empresa
não remunerar os músicos pelos tais primeiros três meses gratuitos do serviço. A reclamação surtiu efeito e a empresa recuou. Em 2015, o rapper Jay Z, apoiado por inúmeras celebridades, lançou nos Estados Unidos o seu próprio produto, o Tidal, que oferece mais qualidade sonora, mas foi visto com desconfiança pelos consumidores. Para a brasileira Tiê, ainda não é possível dizer com certeza se o streaming é amigo ou vilão. “É positivo as pessoas terem acesso a tanta música de um jeito democrático”, acredita a cantora. “O streaming representa uma parte boa da minha renda. Mas talvez a gente precise de um tempo para ver o quanto isso é realmente bom para o artista do ponto de vista financeiro.”