Marina Lima está escrevendo um livro e dispara: "A criação é como dar um salto no escuro, tem um pouco de medo do abismo"
Invadindo sua privacidade, descobrimos alguns embriões - um DVD, um álbum de inéditas e um livro. De quebra, Marina fala de suas composições recém-regravadas por outras cantoras e da difícil arte de traduzir em música os anseios de sua mente criativa.
Este é um momento de entressafra: seu disco anterior (Lá nos Primórdios, 2006) já foi trabalhado e o novo ainda não saiu. É uma hora boa de dar entrevistas?
É uma hora genial. Acho bacana que as pessoas saibam como é o processo, o meio do trabalho. Mas todo mundo só se interessa pelo resultado.
O que anda fazendo?
Estou terminando de editar o DVD do Primórdios. Nunca tinha visto - estava sempre no palco. Ontem, assisti a oito músicas editadas e tomei um susto: é realmente foda. Não costumo falar assim das minhas coisas, mas estou com um certo distanciamento. Fiquei tão orgulhosa... Além disso, vou publicar meu primeiro livro, Entre as Coisas.
Livro de ficção? Memórias?
É presente. Pode ser memória, também - mas é a memória do presente. Tenho muitos assuntos que me interessam. Música, as coisas que me fazem rir, questões do mundo, cantoras importantes para mim, o amor. É a Marina entre as coisas. Vão entrar algumas partituras, algumas anotações, letras que fiz. Mas não são crônicas. No mais, estou compondo para meu próximo disco - que devo gravar no começo do ano que vem.
Sua música hoje é mais sofisticada. Quais as dores e as delícias dessa afirmação?
Você começa a querer correr mais riscos na criação. E a criação é como dar um salto no escuro, ela não existe até você criar. Tem um pouco de medo do abismo. Mas, quando você corre o risco, o prazer é muito maior. E o que interessa pra mim é isso. O resto são obrigações.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008