Apostando em mistura ousada de gêneros, o Huaska investe em participações especiais
A ideia de misturar guitarras pesadas às batidas da bossa nova e do samba sempre fez parte da premissa dos paulistanos do Huaska. Os integrantes do grupo formado em 2002, porém, não se consideravam especialistas nos gêneros brasileiros mais difundidos pelo planeta. “Uns ouviam mais metal, outros grunge, indie, metal clássico, cada um traz uma bagagem diferente de rock”, explica o vocalista Rafael Moromizato.
No primeiro disco, E Chá de Erva Doce (2006), a mescla de estilos apareceu em cinco músicas, sem radicalismos, apenas com alguns violões em meio aos arranjos pesados. No trabalho seguinte, Bossa Nenhuma (2009), as referências aos ritmos brasileiros surgiram com ainda mais intensidade. A mistura só se tornou a assinatura definitiva do Huaska no recém-lançado Samba de Preto (o título é uma referência à cor que identifica o vestuário padrão dos fãs de heavy metal): todas as dez faixas apresentam um equilíbrio bem dosado entre riffs pesados, vocais intensos e levadas suaves de violão, cavaquinho e percussão. “Esses instrumentos não estão lá por um mero enfeite”, explica o vocalista. “Estão porque a gente gosta de bossa, de samba, de MPB. Isso faz parte da banda, essa brasilidade.”
Para conferir um toque de autenticidade a essa massa sonora pouco usual, o Huaska (uma gíria em espanhol para “chapado”) temperou o álbum com participações especiais. O consagrado produtor Eumir Deodato foi o responsável pelo piano e pelos arranjos orquestrados de cordas e sopros em três faixas (a cover de “Chega de Saudade”, “Ainda Não Acabou” e “O Mar”). “Eumir já tinha trabalhado com essa ideia de misturas, de Jobim, passando por Frank Sinatra até Bjork”, explica Moromizato.
“É coisa séria, os rapazes não estão para brincadeira, não”, diz Deodato, radicado nos Estados Unidos desde o final dos anos 60 e que se convenceu a trabalhar com o Huaska ao escutar a faixa “Quando o Amor Morreu”. A outra presença ilustre em Samba de Preto é a cantora Elza Soares, que emprestou seu inconfundível timbre à faixa-título.
“Ninguém é mais sambista do que ela”, decreta Morozimato. “A gente queria a participação de uma pessoa que fosse um grande nome e que desse um atestado de qualidade. E ela tem dito que gostou de gravar desse jeito, que adora rock.”