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Meio Século de Brasilidade

Estrelado por Zélia Duncan, Alegria Alegria leva aos palcos as canções da Tropicália

Antônio do Amaral Rocha Publicado em 22/06/2017, às 12h47 - Atualizado às 12h49

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<B>Dando Liga</b><br>
Zélia Duncan conduz a peça, que reconstrói uma das épocas mais férteis da música brasileira
 - Marcos Hermes
<B>Dando Liga</b><br> Zélia Duncan conduz a peça, que reconstrói uma das épocas mais férteis da música brasileira - Marcos Hermes

Após um processo que demorou oito meses, desde a concepção até a montagem, nasceu o musical Alegria Alegria, que se propõe a homenagear os 50 anos da Tropicália. Para tanto, o diretor e autor, Moacyr Góes, elencou, inicialmente, 28 músicas, sendo 23 de Caetano Veloso e parceiros (as outras são algumas que o próprio movimento definiu como responsáveis pela sua formatação, canções de Tom Jobim, Vicente Celestino, Gilberto Gil e Roberto Carlos). Porém, só as faixas do auge da Tropicália – de 1967 a 1969, período que coincide com o exílio de Caetano e Gil – não davam conta do intento. Góes precisou abarcar também obras de toda a carreira de Caetano, passando pela fase carnavalesca (“Atrás do Trio Elétrico”), dançante (“Odara”) e política (“Haiti”). “A obra de Caetano é tropicalista até hoje, porque há elementos característicos que permaneceram nela”, justifica o diretor.

Zélia Duncan faz uma espécie de voz “em off” de Caetano, costurando com falas os diversos momentos da Tropicália, além de cantar tanto em momentos solo quanto acompanhada pelo elenco de 13 dançarinos e cantores. O repertório permite uma leitura imediata da relação entre os tempos da ditadura militar e a intolerância política dos dias de hoje. “Fomos constatando isso ao longo dos dias de trabalho. [As músicas] ainda se fazem altamente necessárias e eficientes”, analisa Zélia.

É unanimidade que Tom Zé foi, à época, um dos participantes mais ativos do movimento. No entanto, só há uma referência a ele, presente em uma fala de Zélia: “Tom Zé é foda”. “Eu estou acostumado a ser posto fora das coisas, talvez eu nem faça parte mesmo”, declara Zé, ao que o autor responde: “Foi um lapso meu, não vou inventar nenhuma teoria para justificar. Foi um equívoco, tenho que confessar isso”. Com esse único senão, a montagem do belo espetáculo ganha contornos mágicos ao ter todas as músicas executadas ao vivo por uma excelente banda – são oito músicos sob a regência do pianista Thiago Gimenes.