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As melhores comédias da televisão dos anos 1990

Rolling Stone EUA Publicado em 23/07/2016, às 11h10 - Atualizado em 17/09/2016, às 19h08

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Muitos chamam o atual momento de Nova Era de Ouro da Televisão, mas os anos 1990 tiveram ótimos momentos nas telinhas. A <i>Rolling Stone EUA</i> pediu para os leitores votarem em suas comédias favoritas da década e, a seguir, está o resultado.
 - Reprodução
Muitos chamam o atual momento de Nova Era de Ouro da Televisão, mas os anos 1990 tiveram ótimos momentos nas telinhas. A <i>Rolling Stone EUA</i> pediu para os leitores votarem em suas comédias favoritas da década e, a seguir, está o resultado. - Reprodução

Se The Larry Sanders Show tivesse surgido durante a era do Twitter e do Facebook, com certeza teria sido uma sensação instantânea, com blogs devotados ao programa publicando resenhas profundas horas depois de cada novo episódio ter ido ao ar. Mas a série veio cedo demais. The Larry Sanders Show estreou em 1992, e nunca teve mais do que uma pequena legião de seguidores. Durou seis temporadas e alavancou a carreira de Janeane Garofalo, Bob Odenkirk, Jeremy Piven e muitos outros. Mas verdade seja dita, a série deveria ter se tornado tão popular quanto Seinfeld ou qualquer outro seriado da época.
Cinco anos após Beavis e Butt-head se tornar uma sensação cultural, Mike Judge provou ter um pouco mais de profundidade quando cocriou O Rei do Pedaço. A animação conta a história de um sujeito de classe média que mora em uma cidade do interior do Texas e tem que lidar com a família e os vizinhos esquisitões. Isso pode até não soar como a premissa mais cativante do mundo, mas Judge e o ex-roteirista de Os Simpsons Greg Daniels rechearam a série com personagens incríveis, fazendo com que durasse por 13 temporadas.
Há um bom motivo para que o criador da série Mystery Science Theater 3000 tenha conseguido U$6 milhões através de financiamento coletivo por meio de uma campanha no site Kickstarter quando decidiu, no ano passado, trazer o programa de volta. Faz 17 anos desde que o Comedy Central e o Sci-Fi Channel cancelaram o programa sobre um cara e dois robôs que riem de filmes ruins em um satélite no espaço. Mas o mundo ficou à espera de mais. Tudo começou em 1988, em uma estação de televisão local de Minnesota. Já no ano seguinte, o programa migrou para o Comedy Central – canal que não pegava em muitas casas o que obrigava as pessoas a recorrer a bootlegs.
Tudo começou em 1992 com um curta animado chamado Frog Baseball, em que dois adolescentes imbecis matam um pobre sapo com um taco de beisebol. Ninguém que tenha visto isso poderia imaginar que estava presenciando o nascimento de um dos seriados satíricos mais importantes de toda a década. Uma vez que Beavis e Butt-head se tornou uma série da MTV, muitos grupos conservadores ficaram horrorizados com o que assistiram e acharam que isso era apenas mais um sinal de que nossa sociedade estaria condenada ao inferno. Quase um quarto de século depois, até o conservador Weekly Standard já disse que considera Judge como “um dos visionários das animações satíricas”.
Hoje em dia, muita gente deve conhecer Bob Odenkirk como o advogado Saul Goodman de Breaking Bad e Better Call Saul, e David Cross como o ator frustrado Tobias Funke de Arrested Development. Mas em meados dos dos anos 1990 os dois atores trabalharam juntos no inovador programa de comédia da HBO Mr. Show with Bob and David. Foi uma grande época para a comédia de esquetes, com programas como The State, da MTV, trazendo ao ar trabalhos brilhantes, ao lado de grupos como o Upright Citizens Brigade e The Kids in the Hall. Odenkirk e Cross partiram para outros projetos, mas recentemente eles retomaram o programa com a ajuda da Netflix.
Phil Hartman e Dave Foley eram ambos incrivelmente brilhantes como integrantes do elenco de Saturday Night Live e Kids In The Hall, respectivamente. Em 1995, os dois atores juntaram seus talentos para a comédia da NBC NewsRadio. O programa – que também contava com a participação de Andy Dick, Joe Rogan e Maura Tierney – se passava em uma estação AM de rádio na cidade de Nova York. Tudo ia bem, até a morte repentina de Phil Hartman depois da quarta temporada. Ele foi substituído por Jon Lovitz, que não deu certo na série. Todo o processo foi bastante doloroso para Lovitz, e ele evita falar sobre o assunto até mesmo nos dias de hoje. Em 2010, quando questionado sobre o tema, ele respondeu: “Ah, não quero falar sobre isso.”
No dia 22 de setembro de 1994, foi ao ar pela primeira vez uma série sobre seis jovens novaiorquinos que passavam a maior parte do tempo em um café local (ou então num apartamento inacreditavelmente gigantesco em Manhattan). A maioria dos atores eram basicamente desconhecidos, embora Courteney Cox fosse reconhecida pela sua aparição em Family Ties e Jennifer Aniston fosse lembrada por causa do filme Leprechaum. Dentro de poucos meses, eles se tornaram os jovens mais famosos dos Estados Unidos. O seriado durou uma década, levando o elenco a ganhar imensas quantias de dinheiro. Friends está fora do ar há 12 anos, mas ainda permanece bastante popular.
Cheers ainda era bastante popular quando saiu do ar em 1993. Desesperada para continuar lucrando, a NBC foi adiante com o projeto de um spin-off sobre a vida do psicólogo Frasier Crane. É provável que poucas das pessoas envolvidas imaginassem que duraria onze temporadas e se provaria uma dos sitcoms mais populares de toda a década. Os criadores tiveram a inteligência de mover as locações de Boston para Seattle, limitando as possíveis referências a Cheers e deixando Frasier desenvolver seu universo próprio. O combustível que movia o programa acabou perto do fim, mas ele permitiu que Kelsey Grammer interpretasse o mesmo personagem por duas décadas, o que é quase um recorde da televisão.
Os Simpsons foi ao ar pela primeira vez no final dos anos 1980, e embora continue até os dias de hoje, o ápice criativo da série aconteceu durante a década de 1990. Foi um tempo em que gênios criativos como Conan O’Brien, James L. Brooks, John Swartzwelder, Greg Daniels e muitos, mas muitos outros se juntaram ao criador da animação, Matt Groening, para ajudar a desenvolver um dos programas mais brilhantes de toda a história da televisão. Os fãs ainda não entraram em consenso sobre o momento exato em que a qualidade começou a cair, mas é difícil achar um episódio ruim entre a terceira e a sexta temporadas. Conforme o tempo passa, eles só se tornaram cada vez mais e mais engraçados. Um dia a Fox irá finalmente cancelar o programa e muitos dirão que foi um ato de misericórdia, mas nós estaremos vivendo em um mundo pior quando não existirem mais episódios novos de Os Simpsons.
Poderia qualquer outro seriado ocupar o topo da lista? Não poderia. Seinfeld foi a série que definiu a década. Antes dela, o mundo das sitcoms andava pobre de enredos e cheio de clichês, mas quando Seinfeld estreou foi como se o gênero tivesse acordado de uma longa temporada adormecido. Os personagens da série nunca aprendiam nada com a vida. Eles nunca cresciam como pessoas. Na verdade, eles nunca se importavam com nada que não fosse eles mesmos. Por nove perfeitas temporadas, eles habitaram um universo que o público queria revisitar sempre. Foi oferecido a Jerry Seinfeld uma grande quantia de dinheiro para gravar uma décima temporada, mas ele sabiamente recusou a oferta. Séries reduzem o impacto de seu legado quando permanecem por muito demais no ar. Ele sabia exatamente a hora certa de dar o fora, e não chegou perto de outra série desde então. Pra quê faria isso, né?