Elza é Maria, todas as Marias. Ela encarna e defende as mulheres que sofrem com a violência doméstica. "Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim", ameaça a cantora na faixa mais contundente do disco A Mulher do Fim do Mundo. Uma canção-símbolo do ano em que as pautas do empoderamento feminino e do fim da cultura do estupro estiveram mais em voga do que nunca. A mensagem é ainda mais forte por vir de Elza, uma incansável guerreira que sentiu essa dor na pele.
Dinho Almeida fala sobre ganância e famílias desabrigadas, mas também sobre a própria banda. Entre guitarras coloridas e ressonantes, ele declara as intenções em poucas palavras: "Com ele [eco], meu grito tem força para derrubar todos os prédios".
Pelo terceiro ano consecutivo presente nesta lista, o rapper paulistano marcou 2015 com uma canção em que costura versos diretos e cortantes sobre o racismo ainda vigente. A faixa também ganhou um dos melhores clipes brasileiros do ano.
Na missão de se conectar às novas gerações, a voz de Gal abraça a letra de Mallu Magalhães com total suavidade. A potência natural da cantora dá lugar a uma interpretação controlada na medida, sobre uma base com um quê de samba-rock.
Figuras lendárias como Sabotage e Chico Science ganham vida nesta saudosa (tematicamente), porém moderna (sonoramente) ode ao Recife. Além do groove do Nação Zumbi, o raro cantar melódico do finado rapper é de arrepiar.
O balanço do piano elétrico do mestre João Donato é o que conduz a música, que tem também o delicioso dueto vocal entre Tulipa e o convidado – ele, com aquele cantar inimitável; ela, com a técnica impecável de sempre.
Faixa menos experimental de Ava Patrya Yndia Yracema, "O Jardim" é também o mais singelo e sentimental registro do álbum. A voz soturna de Ava encaixa-se com personalidade ímpar no detalhado instrumental.
Fernando Catatau dilui a nostalgia da terra natal em críticas sociais. O riff remete às raízes nordestinas da banda e eleva a dureza desta declaração de amor e decepção permeada pela passagem do tempo.
Está mais difícil usar a palavra "funk" e o nome "Anitta" em uma mesma frase. "Bang" reafirma a vocação da cantora para o pop - mais uma vez, com a ajuda dos hitmakers Jefferson Junior e Umberto Tavares.
A faixa do trompetista Pedro Selector tenta fundir o jazz etíope de Mulatu Astatke com a surf music. O resultado lembra as trilhas sonoras feitas em Bollywood.
Em suas minicrônicas urbanas, o rapper paulistano dá vazão ao bom humor. Nesta que é uma das faixas principais do álbum Rá, ele fala de uma paquera atrapalhada. É impossível não rir quando Ogi entoa o refrão.
Composta por Arnaldo Antunes e com participação do guitarrista do Nação Zumbi, Lúcio Maia, "Tô na Vida" traz Ana Cañas se aproximando do rock em uma balada de poesia reta e melodia aconchegante.
Guitarras ardidas e uma bateria bem marcada conduzem essa canção que batiza o mais recente trabalho do cantor e compositor goiano. O som não tem nada de popularesco e se aproxima do classic rock.
Coroando o clima teatral de O Homem Bruxa, o músico faz um apropriado tributo ao falecido pai, o ator Antônio Abujamra, relatando que o gene artístico passa de geração para geração.
A canção sintetiza o encontro da MPB no estilo Clube da Esquina com o rock progressivo, mistura que é a marca da sonoridade de Dônica. A vulgaridade do título pouco condiz com o refinamento da letra.
A desesperança urbana ganha como moldura uma guitarra roqueira de Kiko Dinucci, em uma canção cujo refrão é construído sobre uma frase do filme O Bandido da Luz Vermelha, a respeito do infame criminoso.
Pancada poética é a especialidade de Karina, que fez mais um dos bons discos de temática feminista (entre outras críticas) do ano passado. "Mulher, tua apatia te mata", crava ela no marcante refrão.
As referências e um ícone pop, como Lulu, e de um importante representante do rap moderno (Don L) abraçaram a melodia de Silva, que nunca teve tanto apelo comercial quanto aqui.
No projeto que juntou rappers brasileiros com nomes norte-americanos, "Provocações" se destacou. Nela, o rapper Espião justifica o título da faixa e provoca outros criadores de rimas do país.
Sacana, libidinoso, sem-vergonha: todos esses adjetivos se casam com o rap sexual de Sá. A guitarra remete aos momentos mais rascantes de Lanny Gordin, mas tudo se perde em uma barulhente fanfarra no final.
O paraense já tinha mostrado que tem estilo próprio e, ao mesmo tempo, é um ótimo aglutinador de tendências. As batidas do "funk de fluxo" desta faixa vieram para comprovar a criatividade do artista.
Apesar do nome, não espere nada de blues. Trata-se de uma arrastada disgressão psicodélica cujos vocais incompreensíveis são soterrados em uma avalanche de efeitos sonoros.
O trio instrumental ressurgiu em 2015 com o álbum Macumba Afrocimética, tendo como um dos destaques este tema pesado e dissonante, conduzido pelo tom grave e hipnótico do baixo elétrico.
A canção que dá título ao trabalho do músico pernambucano é um glam rock percussivo. Metais e um baixo oscilante amarram o recado do cantor ao namorado que o deixou.
"Embora a vida seja um estandarte / Da maldade / Bem ou Mal / Eu prefiro a verdade", canta Vanusa nesta faixa de acento folk. Zeca Baleiro, produtor do CD da cantora, junta-se a ela no microfone.