Tom confessional, mazelas sociais e feminismo deram as caras aqui e no mundo. A diversão e a leveza de hits para as rádios, no entanto, também marcaram presença.
Do “Hit” de Mahmundi ao “País da Fome” de Sabotage, veja a seguir as 25 melhores músicas nacionais de 2016.
1 | Mahmundi, “Hit”
Depois de “Eterno Verão”, música que deu a largada na divulgação do álbum de estreia de Mahmundi, “Hit” era a escolha natural para a sequência. A faixa de abertura do disco então ganhou videoclipe, rodado no bairro paulistano da Liberdade, com a carioca zanzando pelas ruas da cidade que adotou para viver em 2016. E não poderiam faltar os karaokês da região, que combinam perfeitamente com a ideia de “Hit”, uma canção solar, com vocação para ser cantada por muita gente. A levada reggae poderia até fazer dela um fenômeno praiano neste verão. Por enquanto, a criação mais conhecida de Mahmundi é “Sentimento”, lançada como single no último álbum em formato acústico d’O Rappa. Mas ela tem outros hits na manga. Um deles, campeão.
2 | Sabotage com DJ Cia, “País da Fome (Homens Animais)”
Nem é preciso conhecer a história de Sabotage para se emocionar: nesta faixa o rapper agoniza em confissões até esboçar um choro, enquanto DJ Cia amplifica os sensíveis arranjos.
Single que apresentou a sonoridade peculiar de Tropix para o mundo, “Perfume do Invisível” vai crescendo com suas batidas minimalistas e vocais que enfeitiçam. O café preto e o cigarro da letra ajudam na ambientação.
A canção sintetiza o tom confessional e sacolejado sobre o qual o primeiro álbum da banda foi arquitetado. Em um fraseado jazzístico, Liniker vocifera que depois da crueza da desconstrução é necessário remontar.
5 | Arthur Verocai com Criolo, “O Tambor”
A parceria entre o maestro e o rapper promove o encontro do groove pontuado pela orquestração de Arthur Verocai com o lirismo cru de Criolo.
O MC precisa de três minutos para sintetizar a atual fase dançante, com os agudos de Lino Krizz, rimas malandras e um cantar encantadoramente desengonçado.
Faixa-título do segundo álbum da banda goiana, “Princesa” subverte a lógica do pop romântico em uma psicodelia melódica e compassada, permeada por guitarras ácidas e efervescentes.
8 | O Terno, “Melhor do Que Parece”
Otimismo e pessimismo são explorados com franqueza poética neste épico incrementado por cordas e órgão. A epifania do encerramento ganha tons irônicos com o arranjo de sopro.
9 | Tássia Reis, “Ouça-Me”
O disco Outra Esfera é espacial e viajado, mas em “Ouça-Me” Tássia Reis abre espaço para um beat parrudo, enquanto almeja elevar “o agudo ao infinito”. É impossível não escutá-la.
10 | BaianaSystem, “Bala na Agulha”
“Dignidade é poder trabalhar”, canta Russo Passapusso em uma das faixas que constroem o verdadeiro manifesto que é o segundo álbum do grupo de Salvador. Contundente e necessário.
11 | Boogarins, “Elogio à Instituição do Cinismo”
Sintetizadores e batidas eletrônicas decoram as guitarras saturadas e os vocais pastosos de uma das bandas mais inquietas e criativas – e em franco crescimento – do país.
12 | Karol Conka e MC Carol, “100% Feminista”
Karol, Carol, a produção de Leo Justi e Tropkillaz e mulheres lutando continuaram a brilhar em 2016. Afinal, “século 21 e ainda querem nos limitar com novas leis”.
13 | Luisa Maita, “Fio da Memória”
O pulso que rege “Fio da Memória” dilui samba no som processado que permeia o trabalho de Luisa. A voz doce e picante dela entrega uma letra simples mas marcante.
Sorte é começar a vida no ventre amável de Mallu. Na categoria de “canção para a prole”, essa bossa nova feita para a pequena Luisa é uma ótima adição.
Tema que batiza o segundo disco da paraense, “Banzeiro” é pura festa. Na letra, menções à pororoca, à priprioca e ao popopô, expressões de um Brasil amazônico a ser explorado.
16 | Fresno com Caetano Veloso, “Hoje Sou Trovão”
A banda gaúcha convenceu o ídolo a participar de seu trabalho mais ambicioso. E Caetano deu sua contribuição à ópera-rock com a versatilidade habitual.
17 | Silva com Marisa Monte, “Noturna (Nada de Novo na Noite)”
Com um piano cadenciado e uma letra poética e introspectiva, o músico capixaba e a cantora carioca cravam uma bela parceria nesta delicada balada de clima intimista.
18 | Tagore, “Mudo”
Por trás de uma densa camada de guitarras e teclados ecoados, o Tagore interpreta uma canção assobiável, dando um resultado irresistivelmente lúdico à mescla de “pop” e “esquisito” da banda.
19 | Metá Metá, “Corpo Vão”
Encorpada por um sax dissonante e uma guitarra errática, a canção é coroada pelo canto cru e soturno de Juçara Marçal, que divaga sobre a efemeridade da vida e do corpo humano.
20 | João Donato, “Tartaruga”
É necessário um bom fone de ouvido para ouvir Donato cantarolando o nome do animal que dá nome à faixa. Mas vale entrar na brincadeira e procurar o momento exato da peraltice.
A candura da junção das vozes desta dupla do Tocantins – e também do padrinho das duas, Tiago Iorc – impressiona e justifica a rápida ascensão vivida por elas.
22 | Ed Motta, “Captain’s Refusal”
Neste jazz pop de velocidade mediana conduzido por teclados, Motta nos leva aos tempos em que canções com sonoridade similar eram executadas em rádios FM do mundo todo.
23 | DeFalla, “Mate-Me”
Segundo o próprio Edu K, é a versão 2016 de uma das maiores canções do grupo: “Não Me Mande Flores”. Infelizmente, a reunião do DeFalla chegou ao fim. Mas “Mate-Me” ficará.
Ponto alto de Canções Eróticas de Ninar, esta faixa é um xote eletrônico que fala da descoberta da sexualidade e da libido, tema do mais recente trabalho do artista baiano.
25 | Alok com Bruno Martini e Zeeba, “Hear Me Now”
Destaque da música eletrônica nacional, Alok se junta a Bruno Martini e à voz de Zeeba neste drinque duas partes despretensão millennial, uma parte hit para as pistas.