Michael Shannon interpreta o mal excepcionalmente bem. Em The Iceman (inédito por aqui), fez o papel do assassino de aluguel Richard Kuklinski, que alegou ter matado mais de 100 pessoas. Em Boardwalk Empire, como o decadente agente do FBI Nelson van Alden, ele acerta o rosto de um homem com um ferro de passar quente (“Me falaram que eu seria o mocinho da série”, reclama). E o público pode vê-lo como o inimigo do Superman, o incansável General Zod, em O Homem de Aço. Então, qual o segredo da boa vilania? “Há uma frase que resume o que eu faço”, diz Shannon. “Eu conforto os aflitos e aflijo os acomodados.”
Crítica: O Homem de Aço mostra que existe humanidade em Superman.
No terraço de onde mora, com vista para Manhattan, devorando um sanduíche de pernil e bebendo uma taça de vinho tinto, ele é a imagem do pai de família tranquilo do Brooklyn. Apesar de tantos papéis, ele admite que se sente atraído por personagens antagonistas por um motivo. “Tenho uma visão sombria do mundo”, explica. E aponta para o enorme edifício do outro lado do East River: a Freedom Tower, construída no local que abrigava o World Trade Center. “Aquilo devia fazer com que nos sentíssemos melhor? Não entendo. Foi feito para apagar o que aconteceu? O simples fato de o atentado ter ocorrido já devia ser o bastante para deixar todo mundo preocupado para o resto da vida. Que tipo de histórias deveríamos contar? Será que em vez disso eu deveria contar histórias sobre alguém que faz maçãs do amor?”