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Moeda de troca

Anna Muylaert, novamente vencedora em Berlim, acredita que a mudança nas relações de poder é a chave para a igualdade

Aline Oliveira Publicado em 18/03/2016, às 21h30 - Atualizado em 14/04/2016, às 13h46

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Anna ganhou prêmio com o filme Mãe Só Há Uma - Divulgação
Anna ganhou prêmio com o filme Mãe Só Há Uma - Divulgação

A experiência não isentou Anna Muylaert de sentir-se ansiosa na Alemanha. A cineasta voltou ao país europeu um ano após levar o prêmio do público no Festival de Berlim (com Que Horas Ela Volta?), desta vez para mostrar o filme Mãe Só Há Uma. Como em 2015, ela saiu de lá vencedora: levou o troféu da revista Männer Magazine, uma categoria extra do 30° Teddy Award, premiação ligada ao Festival de Berlim e dedicada à temática LGBT.

“Fiquei nervosa com tudo, por estar de novo nesse evento grande, onde você conhece gente do mundo inteiro. Comparado ao Que Horas..., Mãe Só Há Uma é um filme menor e mais provocador, mas ele gerou uma reação incrível no público”, conta a diretora.

O longa narra a história de um rapaz adolescente que descobre ter sido roubado pela mulher que acreditava ser sua mãe. No meio do processo de ser apresentado a uma nova rotina com sua família de sangue ele passa a lidar com a própria transexualidade. “Isso entrou no final do roteiro, porque eu quis deixar o personagem mais contemporâneo”, Anna discorre. “É um tema muito em alta, sobretudo no Brasil e nos Estados Unidos. Então, para mim, é um filme sobre ser e assumir-se o que se é. É sobre ser autêntico.”

Anna parece confortável em falar a respeito de legitimidade. A desenvoltura pode ser fruto da necessidade de quebrar padrões e se posicionar em uma cadeira – a de diretora – ainda pouco preenchida por mulheres. “A história fez com que a mulher tivesse a tendência de se diminuir, de não ocupar espaços por questões culturais.

A gente ficou muito tempo nesse papel de ser uma grande mulher atrás de um homem. No cinema, por exemplo, via-se muita mulher experiente se tornando assistente de um homem sem experiência”,

afirma.

Anna acredita que é preciso equalizar as relações de poder para que o cenário mude. “O poder, em nossa sociedade, está nas mãos dos homens. É a moeda de troca deles. Está ficando ridículo o poder ficar só com eles.” Anna combate o panorama com trabalho duro – e tem colhido os resultados aqui e mundo afora.