Depois de 11 anos, o festival Primavera Sound começa a se consolidar como um dos mais tradicionais da Europa
Um dos patrocinadores da 11ª edição do festival espanhol Primavera Sound notou a tendência e a estampou nos pôsteres de divulgação: “Bem-vindos, cidadãos de um lugar chamado mundo”. Com atrações de estilos e nacionalidades variados e um espaço visualmente marcante (o Parc Del Fórum, à beira-mar, em Barcelona), o evento ganhou uma segunda edição, a partir de 2012, em Porto, Portugal. “Provavelmente expandiremos isso no futuro”, diz o organizador Abel Suárez. “Mas no momento não há nada de concreto. Temos recebido muitas propostas, várias delas da América do Sul, mas gostamos de dar nossos passos apenas quando estamos confiantes, e acabamos de dar o segundo.”
Neste ano, o Primavera Sound juntou o clássico The Cure (que fez uma apresentação de mais de três horas) e o estabelecido indie Wilco a novatos como The Weeknd e Grimes. “Não nos vemos como um festival indie, ou pelo menos não como um tradicional”, explica Suárez. “É verdade que começamos mais com essa orientação, mas nos últimos anos nossa escalação se abriu muito mais.” A maior prova disso foi a escalação de representantes do metal (Napalm Death), folk (Laura Marling, Jeff Mangum) e queridinhos da música alternativa (The xx, Sharon van Etten). “Todos achamos que foi um ano ótimo, mesmo com as dificuldades para agendar as poucas bandas que estavam em turnê e o azar que tivemos com cancelamentos [Björk cancelou antes, o Melvins não apareceu no dia]”, avalia o organizador. O festival também quer utilizar melhor outros espaços da cidade. “Estamos trabalhando, como nos anos anteriores, para expandir e melhorar tudo: o [braço de debates técnicos] PrimaveraPro e para espalhar os shows por Barcelona.” Neste ano, o Primavera promoveu apresentações menores em bares e casas noturnas, além de grandes shows gratuitos no Arco do Triunfo, com Richard Hawley, The Wedding Present e outros.
Por outro lado, o festival tem um grande obstáculo pela frente: a crise financeira que abate a Europa e, em especial, a Espanha – o Rock in Rio Madrid, por exemplo, chegou a oferecer desconto de 50% nas entradas para quem provasse que estava desempregado. “A crise está afetando tudo”, conta Suárez. “Por termos um público que vem do mundo todo, não sofremos muito neste ano – mas é um problema que pode afetar futuramente a nossa plateia espanhola. Não sei como vamos lidar com isso, para ser sincero.”