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Mundialmente Unidos

Pitty, Jay-Z, Fresno e Radiohead levantam dinheiro para ajudar as vítimas do terremoto

Por Brian Hiatt Publicado em 13/04/2010, às 06h39

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Wyclef Jean no teleton para o Haiti - Evan Agostini
Wyclef Jean no teleton para o Haiti - Evan Agostini

Jay-Z cantou ao lado de Bono, The Edge e Rihanna; Chris Martin, do Coldplay, fez hora extra acompanhando Beyoncé no piano; Justin Timberlake interpretou uma cover de Leonard Cohen - e todas essas performances, parte do evento multirredes realizado no dia 22 de janeiro que arrecadou US$ 66 milhões para as vítimas do terremoto no Haiti, foram apenas os esforços mais visíveis feitos pelos artistas para levantar fundos em prol da causa.

James Taylor e Radiohead organizaram seus próprios shows beneficentes; os brasileiros NX Zero, Pitty, Hevo84, Strike e Fresno criaram um sistema de doação; o Arcade Fire (a família de Régine Chassagne, cofundadora da banda, é haitiana) ofereceu seu catálogo de músicas para o licenciamento em filmes e TV, com os lucros revertidos para o Haiti; Lady Gaga doou o equivalente a um dia de rendimento de shows e merchandising; e, em casas noturnas por todo o país, artistas como Britt Daniel, do Spoon, e Patti Smith deram o seu apoio. "Me impressionou ver como todo mundo está se mobilizando - nunca vi algo assim", diz Shakira, que cantou "I'll Stand by You", do Pretenders, no evento, e se voluntariou a bancar a construção de uma escola no país. "O Haiti está na pobreza há muito tempo. É triste que seja preciso uma catástrofe para que o mundo volte seus olhos para o país."

O produtor Swizz Beatz, que capitaneou "Stranded (Haiti Mon Amour)" - single com renda revertida ao Haiti e que juntou Bono, The Edge, Jay-Z e Rihanna - buscava "algo que representasse um momento no tempo". Depois de ter a ideia de juntar Bono e Jay-Z, o plano quase foi por água abaixo porque o produtor não conseguia colocar os dois para falarem ao mesmo tempo no seu celular. "Eu ficava 'Merda. Bono, olha, te ligo de volta'", relembra. Depois de três horas de idas e vindas, os três conseguiram se conectar e a música fluiu rapidamente, com Bono escrevendo o refrão durante um telefonema e Jay-Z compondo e gravando seus versos em menos de 24 horas.

Recrutar os músicos e outras celebridades para o show foi um processo mais tranquilo. George Clooney, idealizador do evento, procurou estrelas com quem tem amizade, incluindo Julia Roberts e Jack Nicholson, enquanto o produtor Joel Gallen (cujos créditos incluem eventos semelhantes pós - 11 de setembro e Katrina) e os executivos da MTV recrutaram artistas como Bruce Springsteen e Mary J. Blige para tocar em Londres, Nova York e Los Angeles. "O melhor de um show assim é que ninguém nunca pergunta 'Quem mais vai participar?'", diz Gallen. "Eles sabem como isso é importante." As músicas do programa foram quase instantaneamente lançadas no formato álbum no iTunes, o que se tornou o primeiro álbum unicamente digital a alcançar o primeiro lugar na lista de mais vendidos, com 171 mil cópias só na primeira semana.

Justin Timberlake, um dos primeiros a aceitar o convite, veio com a ideia da cover de "Hallelujah", de Leonard Cohen, que se tornou o maior sucesso da noite e ainda ocupava o primeiro lugar no iTunes seis dias depois do show. Em esforços individuais, outros artistas conseguiram arrecadar quantias impressionantes: o Radiohead levantou mais de 500 mil dólares com um único show, exibido em um cinema de Hollywood, pelo qual fãs participantes de um leilão pagaram até US$ 4 mil por um ingresso. "O que vocês fizeram para pagar?", perguntou Yorke à plateia, em tom de brincadeira. "Pegaram dinheiro do papai? Ou chantagearam seus chefes?"

Enquanto isso, James Taylor levantou 305 mil dólares em dois shows em Great Barrington, Massachusetts, quantia que ele duplicou com dinheiro de seu próprio bolso. O rendimento foi encaminhado para a instituição de caridade de Boston, Partners in Health (que também é a escolhida por Chassagne, do Arcade Fire). "Não vamos conseguir arrecadar tanto quanto esse fantástico evento na TV," diz Taylor. "Mas acho que a principal mensagem é que a nossa comunidade se importa profundamente."

No Brasil, artistas como o NX Zero, Fresno e Pitty gravaram depoimentos para o projeto Rock Pro Haiti (www.rockprohaiti. com.br), que pede doações a serem depositadas diretamente na conta da embaixada brasileira do país. "O projeto engloba várias bandas, gente que exerce real influência sobre os jovens", diz Lucas Silveira, vocalista do Fresno, banda que ainda fez uma linha especial de camisetas cuja venda será revertida às vítimas do terremoto. "Muitos querem ajudar, mas acabam não o fazendo por falta de oportunidade ou por preguiça. A gente dá as ferramentas e facilita esse processo." Pitty complementa: "Tenho vontade de ajudar em todas as frentes nas quais eu souber que posso ser útil, para mim não custa nada. É um país que já era muito precário e que depois da tragédia ficou completamente destruído."