Na busca por mais variedade na carreira, Paolla Oliveira dá vida a promotora no filme Em Nome da Lei
Paolla Oliveira pede um minuto.
Ela deixa o telefone, checa o nome do mais recente livro que consumiu e volta à ligação. “É muito interessante. Ela fala: ‘Por que não ser feminista? Por que não falamos de humanidade, em vez de mulher?”, explica. A obra em questão é Sejamos Todos Feministas, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. “Falamos do Oscar, da diferença salarial, mas tem mulher que precisa usar aliança para ser respeitada. Poderia ficar falando disso por horas”, exclama. Paolla está divulgando o novo filme em que atua, Em Nome da Lei (com lançamento marcado para esta quinta, 21), mas se empolga mesmo ao falar de feminismo, puxar citações (“Não me lembro de nomes, mas sou a rainha das frases!”) e evocar Beyoncé. “Quando a gente tem oportunidade de conversar de coisas diferentes, que não sejam a marca do meu sapato ou do meu vestido, dá vontade mesmo de falar”, ela confessa, desculpando-se (desnecessariamente) por se estender em algumas respostas.
A carreira artística de Paolla segue nessa mesma direção, em busca constante por variedade. Depois de “quebrar a internet” na pele da prostituta ultrassedutora Danny Bond (da minissérie Felizes para Sempre?) e também fazer sucesso com a gananciosa Melissa Borghini (na novela Além do Tempo), a atriz global retorna às telonas, dando vida a Alice Costa, uma promotora tão idealista quanto desiludida. Na trama do diretor e roteirista Sergio Rezende, ela trabalha com o juiz Vitor (Mateus Solano) e com o delegado Elton (Eduardo Galvão) no combate a um esquema de tráfico de drogas na fronteira entre Brasil e Paraguai.
“Foi muito intrigante, porque fiz [Em Nome da Lei] assim que eu acabei a série [Felizes para Sempre?]”, conta Paolla, que foi, ela mesma, atrás do papel. “Danny era muito voluptuosa. E a Alice, no meio daquele bando de homens, quase passa despercebida. Foi um desafio diversificar. As pessoas acham que eu busco um ‘papel Bond’, mas meu principal foco é experimentar.” Para ela, o maior mérito do filme é exibir “como se dá essa coisa dos três poderes, que a gente ouve falar e não entende muito bem.”
Em Nome da Lei tem um protagonista (o jovem juiz federal interpretado por Solano) que faz de tudo em busca de “justiça”, ultrapassando limites e arriscando a própria vida. A comparação com o também juiz federal Sérgio Moro, que ficou no centro dos holofotes com a Operação Lava Jato, é inevitável. “O filme vem em um momento especial”, Paolla opina. “A pergunta é: ‘O Vitor está certo ou errado? O Moro está certo ou errado?’” Ela, em seguida, se posiciona sobre as ações do juiz da vida real (“Acho que ele está certo”) e afirma acreditar que “impeachment não é solução”: “Não é [a saída da presidente Dilma Roussef] que vai fazer as coisas mudarem. A decisão tem que ser ‘pró-claridade’, o combate à corrupção é a grande chave”.
Depois de promover Em Nome da Lei, Paolla vai tirar férias, encerrando um ciclo que levou a carreira dela a um novo patamar. Ela aproveita o tempo para resolver pendências, tirar o atraso em relação a discos (além de Pearl Jam – ela assistiu ao show no Rio de Janeiro, em 2015, e tirou foto com o vocalista, Eddie Vedder –, anda escutando Alabama Shakes e The Revivalists) e manter os pés no chão depois de ficar tão em evidência. Em 2013, por exemplo, foi eleita a mulher mais sexy do mundo pela revista VIP.
“Fiquei surpresa, fiquei tensa: ‘Meu Deus, o que está acontecendo?’”, ela diz, lembrando-se das manchetes que pipocavam graças à cena sensual em que o bumbum dela, na pele de Danny Bond, ficava em destaque, e que viralizou na internet. “Mas daí percebi que tinha mais que isso. O mais legal não foi a bunda ter aparecido, me diverti e quis que mais cenas fossem tão comentadas como aquela.”
Se tudo correr como planejado e Paolla entrar para a próxima novela de Gloria Perez, À Flor da Pele, prevista para 2017, ela terá um novo desafio pela frente. “Parece que vou fazer uma policial, uma lutadora, algo completamente diferente de tudo que eu já fiz”, revela a atriz, sem esconder a empolgação com a possibilidade de entrar em um universo absolutamente novo. “Imagina: venho de papéis tão femininos e de repente vou para algo assim tão austero [risos]”, comemora.