Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Música Sagrada

Mostrando fé religiosa no poder dos sons, SÍNTESE se destaca como uma das grandes novidades do hip-hop

Lucas Brêda Publicado em 22/02/2017, às 14h40 - Atualizado em 23/02/2017, às 16h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>Bom filho</b><br>
Mais maduro, Síntese retorna com segundo álbum - Divulgação
<b>Bom filho</b><br> Mais maduro, Síntese retorna com segundo álbum - Divulgação

Com Neto, não há assunto que seja banal. “Quero falar para as pessoas que estão se preocupando em respeitar a vida”, diz a mente por trás do nome Síntese, novo destaque do hip-hop brasileiro, em um papo matutino ao telefone. Começar uma conversa com Neto é como iniciar uma audição do segundo disco dele, Trilha para o Desencanto da Ilusão, Vol. 1: Amem (2016): é preciso abandonar o mundo profano para escutar de fato.

O trabalho – segundo na discografia, mas o “primeiro de verdade” do projeto, segundo afirma –, tem permitido que Síntese conquiste um merecido espaço. O álbum anterior, o duplo Sem Cortesia, saiu em 2012, como uma coleção de faixas lo-fi e sentimentais, quando o Síntese ainda era um duo formado por Neto e o amigo Leonardo Iran, o Léo. O LP foi o produto final deles. “Foi muita descoberta e pouca idade”, explica Neto, que abandonou a música na ocasião. “Era tudo muito íntimo, uma terapia. A gente se curando, se entendendo. Decidimos só soltar [o disco] e parar. Queríamos purificar mente e alma depois de uma fase difícil, virar franciscanos para ver se isso nos iluminaria.”

Em 2012, contudo, a união de batidas rústicas – de conotação vintage, resultado das experimentações de Neto no aplicativo Fruity Loops Studio – e poesias compassivas de Sem Cortesia despretensiosamente começou a fazer a cabeça de muita gente. “Estávamos montando em nossos pensamentos como se fossem um touro”, analisa. O álbum nem teve show de divulgação e, seis meses depois, Neto “tomou coragem” e retornou, sozinho, como Síntese.

Antes de Amem, ele chegou a trabalhar com o Projetonave e participou da faixa “Plano de Voo”, do Criolo, que ele já conhecia da cena hip-hop na cidade natal dele, São José dos Campos. “O [produtor Daniel] Ganjaman disse: ‘Manda seu telefone que o Criolo quer falar com você’. Fui no outro dia a São Paulo, ouvi a música, escrevemos e gravamos na hora.” Síntese ainda cantou a faixa em shows do Criolo na turnê do disco Convoque Seu Buda (2014), o que garantiu mais visibilidade. “Todo mundo viu que eu era alguma coisa”, lembra. “Se o louco dos loucos [Criolo] falou que é isso [tudo] mesmo...”

Ganjaman também trabalhou em Amem, tratando as faixas – “caseiras”, ainda que mais rebuscadas, produzidas por Neto – e recrutando nomes como Thiago França (sopro) e Guilherme Held (guitarra). O som ganhou em melodia, sem se render a tendências, e passou a ter os anteriormente renegados refrãos. Amem saiu como um convite para a elevação espiritual e a busca por liberdade e autoconhecimento. “Queria fazer um disco que fosse meu pronunciamento oficial à humanidade”, define. “É música sagrada.”