Para James Story, o cônsul dos EUA, vale tudo em nome da diplomacia proposta pelo esperançoso e antibélico governo de Barack Obama
A entrada no consulado dos estados Unidos, na Zona Sul de São Paulo, consiste em um rígido protocolo de segurança. Mesmo com entrevista marcada com bastante antecedência, meu gravador só é liberado na última hora. Ao menos, não tive que passar pelo teste de pólvora, feito com pedaços de plástico que identificam resquícios da substância e ficam em pequenos potes do lado de fora dos vidros blindados da guarita. Mas toda essa cerimônia não condiz em nada com a informalidade do entrevistado, o cônsul para assuntos políticos e econômicos James Story. Jovem e grande admirador da maneira como os brasileiros curtem a praia, em poucos meses ele estará encarando uma missão um tanto mais turbulenta que a de "explicar os Estados Unidos para o Brasil", como ele próprio define sua função durante os quatro anos que passou aqui. Story irá para o Afeganistão no papel de consultor do exército norte-americano em assuntos diplomáticos. Mesmo assim, diz que muito do que aprendeu no Brasil poderá ser usado nas terras do Taleban.
Antes de embarcar, o cônsul falou sobre o futuro da diplomacia com Obama, relações com os líderes de esquerda da América Latina, Amazônia e imigração. E insistiu em um ponto: as parcerias entre Brasil e Estados Unidos serão fundamentais para ambos.
Você acredita que Barack Obama exercerá uma nova forma de diplomacia?
Ele prometeu que seguiria uma diplomacia multilateral. Está aberto a conversar com o Irã, com a Coreia do Norte, a falar sobre o embargo a Cuba e mencionou recentemente que conversaria com o Taleban. E eu creio que há uma reação mundial positiva, o Brasil incluído nessa, a esse nível de compromisso de Barack Obama com a comunidade mundial. Houve uma série de resoluções da ONU sobre o embargo a Cuba. A posição dos Estados Unidos tem sido a de que gostaríamos de ver um movimento em direção a uma maior inclusão e democracia em Cuba antes que façamos algo sobre o bloqueio. Mas estamos dispostos a ver até onde podemos ir.
Essa posição em relação ao Taleban também significa uma nova política em relação à Venezuela e aos líderes latino-americanos de esquerda?
Nós sempre dissemos o seguinte: Hugo Chávez foi eleito democraticamente presidente da Venezuela. Então, nós desejamos ter uma relação com ele. Evo Morales foi democraticamente eleito presidente da Bolívia. Queremos ter uma relação com ele também. Foi um episódio infeliz nossos embaixadores terem sido expulsos dos dois países; foi infeliz que a agência antidrogas tenha sido expulsa da Bolívia recentemente. Sempre dissemos que gostaríamos de ter uma troca, mas isso exige duas partes.