Bat For Lashes, que abriu os shows do Coldplay no Brasil, é comandado por uma vocalista (ins)pirada
O projeto britânico Bat for Lashes foge completamente do clichê ao deixar de lado músicas-chiclete que falam de amor para falar de lobos, morcegos e florestas, com um som que mistura piano, cravo e outros instrumentos menos convencionais. Esse é o resultado do imaginário fantástico que povoa a cabeça de Natasha Khan, a cantora que se esconde atrás do nome. Há muito desse universo lúdico no primeiro álbum do Bat For Lashes, Fur and Gold (2006). No clipe de "What's a Girl to Do?", Natasha guia uma bicicleta enquanto quatro pessoas, vestindo cabeças de animais, coreografam passos atrás dela. "Busquei inspiração em filmes oitentistas de crianças, como Os Goonies, e em Donnie Darko", explicou, antes de subir ao palco para abrir o show do Coldplay em São Paulo, em março.
No disco mais recente, Two Suns (2009), a influência de contos de fadas está mais madura. A concepção foi baseada em dualidades: amor e ódio, claro e escuro. Para isso, Natasha criou o alter ego Pearl, representando subjetivamente o lado sombrio de seu trabalho. Trata-se de uma personagem solitária e que possui uma natureza destrutiva - influência das fotógrafas Diane Arbus e Cindy Sherman. "Mas com o drama vem a beleza, o entusiasmo, a sexualidade e o lado misterioso, que é muito atraente também." Sobre qual dessas personalidades sobe ao palco, ela é categórica: "Sou eu, Natasha, com todas essas características dentro de mim. Todo mundo tem esses dois lados - o meigo e o mau -, é a vida".