Plugado no Barulho

Por dentro de Le Noise, CD intimista de Neil Young. E a volta do Buffalo Springfield

ANDY GREENE

Neil Young preferiu ser acompanhado por sua guitarra
Neil Young preferiu ser acompanhado por sua guitarra - ED RODE

Em seus 50 anos de carreira, Neil Young já experimentou de tudo, desde o rockabilly até o rock cheio de distorção, do country à new wave. Mas até o momento ele nunca havia gravado um álbum totalmente sozinho – sem nenhum músico de apoio. Produzido por Daniel Lanois, o novo disco dele, Le Noise, apresenta apenas a voz do músico e o som da guitarra dele. “Tem sido muito libertador”, diz Neil Young. “Não tive de mostrar as músicas a ninguém nem ensinar ninguém a tocá-las. Você não sabe como isso é incrível para mim.”

A ideia para o projeto foi plantada há 15 anos, enquanto o produtor de Young (e parceiro profissional de longa data) David Briggs estava à beira da morte. “Perto do fim de sua vida, perguntei a ele: ‘O que você gostaria de me contar? Qual o meu rumo?'”, relembra Young, que trabalhou com Briggs em 16 álbuns, incluindo Rust Never Sleeps e After the Gold Rush. “Ele disse: ‘É bem direto – você tem de se aproximar mais de você mesmo’.” Desde a morte de Briggs em 1995, Young não havia trabalhado com um produtor que funcionasse como colaborador – até chamar Lanois. “Foi o primeiro cara que encontrei capaz de ocupar o posto de Briggs à altura”, diz o músico. “Antes tarde do que nunca.” Lanois ficou empolgado com o convite. “Sempre quis trabalhar com Neil”, diz ele. “Mas ele nunca havia me chamado!”

Lanoise Y oung gravaram o disco em três sessões de três dias – agendadas seguindo o ciclo da lua cheia, um hábito que acompanha Young por toda a sua carreira, em uma mansão, em Los Angeles. As músicas eram originalmente acústicas, mas se transformaram no estúdio. “Comecei a tentar versões elétricas e elas começaram a crescer”, conta Young. “É diferente de tudo o que já fiz. É folk, mas também é metal, Jimi Hendrix, Woody Guthrie, psicodélico.”

Young não emplaca um álbum de sucesso em mais de uma década, mas sua gravadora, a Reprise, está dando apoio a Le Noise com uma estratégia de marketing digital agressiva, incluindo aplicativos para iPad e iPhone baseados no disco. “Neil está abraçando totalmente esse panorama de aplicativos”, diz o executivo de marketing da Reprise, Peter Standish. Young não tem planos de promover o álbum com uma turnê, mas no Bridge School Benefit deste ano, um show beneficente, ele se reuniu aos membros sobreviventes do Buffalo Springfield – Stephen Stills e Richie Furay – para seu primeiro show desde a separação da banda, em 1968. “Há algumas semanas, Neil me mandou um SMS e perguntou se eu estaria a fim”, diz Furay. “Nossas vidas seguiram rumos diferentes, e eu não diria que somos amigos próximos, mas é por uma boa causa. Faremos apenas dois shows, assim todo mundo que teve oportunidade de ir poderá dizer: ‘Uau, ouvi um pouco de história aqui’.”

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