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No Ponto Certo

Bananada equilibra organização e line-up diversificado, firmando-se como um dos melhores festivais do país

Lucas Brêda Publicado em 22/06/2017, às 16h52 - Atualizado às 16h56

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<b>Cheios de Energia</b><br>
Mano Brown fez o show de Encerramento

 - Ariel Martini/ I Hate Flash/ Divulgação
<b>Cheios de Energia</b><br> Mano Brown fez o show de Encerramento - Ariel Martini/ I Hate Flash/ Divulgação

As primeiras horas da segunda-feira, 15 de maio, já se aproximavam em Goiânia, mas Mano Brown seguia dançando, entre um cigarro e outro, no Bananada. O MC dos Racionais apresentou o show Boogie Naipe, e, depois de deixar o palco principal, o eletrônico El Club, ainda continuou curtindo madrugada adentro, enquanto o festival encerrava seu sétimo e último dia. Este ano, o Bananada chegou à 19ª edição. Só nos quatro dias principais, reuniu mais de 30 mil pessoas, atingindo um recorde próprio de público e de atrações (pouco mais de 90). Hoje atraindo multidões, o evento é uma exceção em muitos sentidos. Os ingressos, por exemplo, são acessíveis: com R$ 110, era possível ir a shows em todas as datas. Os bares, os caixas e as barracas de comida praticamente não tiveram filas e o evento é um dos poucos do tipo no país a não ter banheiros químicos, mas sim estruturas mais elaboradas e confortáveis, incluindo acesso para deficientes.

O line-up forma um verdadeiro parque de diversões para os amantes da nova música brasileira, da multicelebrada Céu ao furacão BaianaSystem, passando pelo rap de Karol Conka, pela revelação eletrônica Teto Preto, pelo funk/soul de Liniker e os Caramelows, pela psicodelia de Carne Doce, além de Tulipa Ruiz, Rakta, Black Drawing Chalks e Tagore, entre muitos outros. Não há apelação para veteranos de repertório desgastado (Os Mutantes foram uma boa exceção) nem para sensações sem conteúdo. Fabrício Nobre – um dos sócios do Bananada, ao lado de Daianne Dias e Lucas Manga – é um dos responsáveis pelo line-up, que também teve atrações sul-americanas e os norte-americanos Clearance e Akua Naru. “Não posso ignorar o que acontece no mundo e no resto do país, mas também não posso ignorar o público e a cena daqui”, ele explica.

“Não fiquei esperando as coisas chegarem, pesquisei pra caramba”, atesta Nobre. “Fui ao South by Southwest seis vezes, ao Primavera Festival quatro vezes, conheço os mais importantes festivais do Brasil. Vou às casas de show, sei o que está acontecendo. Esse ofício não tem faculdade.”

Em Goiânia, o Bananada é criticado principalmente pela “velha guarda” da cena de rock mais pesado, que vê o festival cada vez mais se afastando de quando era ditado por guitarras e bandas underground, para 200 ou 300 pessoas. “O Bananada sempre foi o irmão mais novo do Goiânia Noise, para bandas locais, mais novas”, recorda o organizador. Hoje, é o principal evento musical da cidade – e um dos melhores festivais do país. E o crescimento não veio exatamente baseado na expansão financeira. “Enquanto falo contigo, estamos fechando as contas e não sei exatamente se vamos ter muito lucro este ano”, confessa Nobre, refererindo-se à maior edição do festival. “Quisemos arrumar todos os detalhes: atendimento aos artistas, público e imprensa, não ter filas. Acho que conseguimos, mas isso custa caro. E também ninguém está com tanto dinheiro para gastar ultimamente. O desafio é conseguir fazer isso com um pouco mais de calma e segurança para nós.”