Juliana Kehl reforma carreira com trabalho direto e empoderado
Já faz cerca de sete anos desde que Juliana Kehl apareceu, com o disco autointitulado (2010), mas a cantora se afastou da música e, a esta altura, ao menos para o público, um retorno parecia algo improvável.
“Acho que foi no fim de 2014 que voltei a pensar em música, consegui me reestruturar. Minhas filhas estavam maiores e foi um processo natural, comecei a compor”, diz ela, contemplando o período posterior à gravidez delicada de gêmeas e ao término do casamento, que a fizeram preterir a carreira musical.
A volta de Juliana se dá na forma de Lua Full, lançado em janeiro e que deixa no passado os sambas do primeiro álbum. “A minha prerrogativa foi um disco mais orgânico, menos pós-produzido, mais pop”, conta Juliana. “Meu primeiro disco é um pouco mais experimental e se tornou mais difícil, mas foi uma necessidade minha de comunicação.” Juliana convocou pai e irmão de Tulipa Ruiz, Luiz Chagas e Gustavo Ruiz – ambos guitarristas –, para assinarem a produção.
O resultado é um pop melódico e imediato, de guitarra, baixo, bateria e sopro, suficientemente distante dos cavaquinhos e percussões do antecessor.
Lua Full chega não só para retomar uma carreira prematuramente interrompida mas também para solidificar um momento de segurança e empoderamento pessoal de Juliana. “Eu sempre fui condescendente com o machismo, com coisas que observo desde a infância”, reflete. “Com esses movimentos da internet, aconteceu uma tomada de consciência”, explica, citando as populares campanhas das redes sociais “Meu Amigo Secreto” e “Agora É Que São Elas”.
“[No disco, este assunto] está diluído – em alguns momentos é mais implícito e, em outros, mais explícito. Mas é o subtexto de tudo.”