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O Entardecer Incansável de Neil Young

Um faroeste, uma ficção científica e um site ambicioso são apenas alguns dos projetos do artista

Patrick Doyle Publicado em 19/04/2018, às 00h14 - Atualizado às 00h15

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<b>Só e Bem Acompanhado</b><br>
Young em cena de <i>Paradoxo</i>

 - Netflix/Divulgação
<b>Só e Bem Acompanhado</b><br> Young em cena de <i>Paradoxo</i> - Netflix/Divulgação

‘‘É bem inacreditável, mesmo”, diz Neil Young. Ele está falando sobre o processo de vasculhar o próprio arquivo para o Neil Young Archives, uma linha do tempo interativa multimídia. Qual a sensação de refletir sobre meio século de trabalho, do Buffalo Springfield a Rust Never Sleeps e Harvest Moon? “Tento não focar muito nesse aspecto”, afirma Young, em seu quarto em um hotel de Austin. “Começa em 1963 e estamos em 2018. Tento ser tranquilo quanto a isso.” Só que Young não parou de criar – como sua recente carga de trabalho prova.

Ele está obcecado com cada detalhe do Neil Young Archives, do áudio em alta resolução a um blog que atualiza constantemente. Apenas 25% das músicas foram incluídas até agora e Young lista os álbuns inéditos que está empolgado para lançar, incluindo LPs inéditos do Crazy Horse (de 1969 a 2012) e Dume, uma versão alternativa de Zuma, de 1975, com seis faixas inéditas. Ele ama saber o que os outros estão ouvindo: “Temos nossas paradas e sou o número 1 o tempo todo”, afirma. “Eu me divirto muito com o site”.

Paralelamente, há Paradoxo, um novo filme psicodélico que fez com a namorada, Daryl Hannah, e que acaba de chegar à Netflix. Escrito por Daryl e rodado em três dias, mostra Young e sua banda Promise of the Real como uma gangue de ladrões que rouba “bancos de sementes”. “Daryl fez tudo por, tipo, 125 mil”, conta Young. “Não é Cecil B. DeMille ou [Clint] Eastwood. Deixa que eles façam esses filmes.” A obra é repleta de destaques musicais, incluindo “Pocahontas” e o (ignorado) rock de 2016 “Peace Trail”. “Foi a primeira vez que o Promise of the Real a tocou”, diz ele, referindo-se à banda com quem faz turnê desde 2015.

Young também está “terminando um romance”. Canary é um thriller de ficção científica sobre um funcionário de empresa de energia que se disfarça para expor a corrupção. “Ele descobre que a companhia de energia solar para a qual trabalha é uma enganação e não está realmente usando o sol”, conta Young. “O cara que está fazendo isso encontrou uma maneira de fazer energia ruim... e criar geneticamente animais cuja merda dá energia para fazer o combustível ruim. Só que a espécie escapa. E vira uma porra de uma bagunça.”

Mas todas essas atividades não querem dizer que os shows estejam de lado. “Vou fazer uma turnê de aposentadoria com a Cher”, brinca. “As pessoas saberão quando eu me aposentar, porque estarei morto. Não vou dizer: ‘Não vou voltar’. Que besteira é essa?”