A música perdeu Paul Kantner, um dos fundadores do Jefferson Airplane
Considerado o pai do rock psicodélico, Paul Kantner, guitarrista e integrante que ajudou a fundar o Jefferson Airplane, morreu após sofrer falência múltipla dos órgãos em 28 de janeiro. A data, aliás, foi duplamente triste para os fãs da banda: no mesmo dia, também morreu Signe Anderson, a primeira vocalista do Jefferson Airplane, posteriormente
substituída por Grace Slick.
O legado lisérgico deixado por Kantner como pioneiro do acid rock sessentista segue relevante para a música. Apesar de ter tido seu pico de popularidade na década de 1960, até meados dos anos 1990 ele ainda fazia músicas que continuavam repletas de insights metafísicos, visões estranhas e toda sorte de estranhezas magníficas, de sonhos
hippies a especulações transcendentais do universo sci-fi.
Paul Lorin Kantner nasceu em 17 de março de 1941. Filho de um caixeiro-viajante, foi para uma escola militar após a morte da mãe. Encontrou inspiração em livros de ficção científica e no folk, e acabou largando a faculdade para investir na música.
O Jefferson Airplane se uniu após Kantner começar a tocar com o ex-ator Marty Balin e com Signe. Na sequência, foram adicionados Jorma Kaukonen, Jack Cassidy e Skip Spence. Com a formação completa em 1965, começaram a fazer sons inspirados nos Beatles, no blues e nas baladas folk. No primeiro ano de carreira, se tornaram a primeira
banda de São Francisco a assinar com uma gravadora.
No entanto, a repercussão de Jefferson Airplane Takes Off (1966) foi modesta. A sorte mudou quando foi contratada a modelo e vocalista Grace Slick, que cantava com o Great Society. Com a voz poderosa de Grace, a banda gravou os primeiros grandes hits, definindo o acid rock e o movimento de amor livre.
Com o grupo, Kantner se transformou em um dos pioneiros do muito copiado som psicodélico: simples, com reverbs oníricos e guitarras barulhentas. Emplacou hits como “Somebody to Love” e “White Rabbit”.
Quando o Jefferson Airplane estava prestes a se separar, no início da década de 1970, Kantner gravou um disco solo, Blows Against the Empire, ao lado de Grace. Eles creditaram o trabalho a Paul Kantner e Jefferson Starship. Curiosamente, o disco foi indicado ao Hugo Award, prêmio de ficção científica. Depois de oficializar a banda como
Jefferson Starship, a nova formação acabou tendo mais sucesso comercial do que o Airplane, especialmente com Red Octopus (1975). Kantner deixou o grupo em 1984, mas se juntou a ele novamente em 1992, tendo permanecido na formação até morrer.