FELIXBRAVO foca na tradição da música para subverter
Num cenário musical cada vez mais dominado por guitarras altas, dois músicos curitibanos sustentam um orgulho de soarem anacrônicos. "Somos os malucos remando contra a maré", brinca Bernardo Bravo, que ao lado de João Félix forma o - na denominação deles mesmos - "núcleo de composição" FelixBravo.
"Consideramo-nos um núcleo de composição justamente pelo nosso foco, que é a composição acima de tudo", Bernardo explica, sobre o método de trabalho do projeto. "Por sermos apenas dois, a gente trabalha com amigos músicos, sempre de acordo com a maneira com a qual queremos mostrar determinada canção em cada show." Trabalhando com influências distintas como o erudito, o samba e ritmos regionais, as músicas da dupla possuem uma leveza que justifica o termo "bossa contemporânea" inventado por eles mesmos. "Na época da bossa nova, João Gilberto pegou a célula do samba e a incorporou com elementos jazzísticos. A bossa contemporânea seria esses mesmos elementos, mesclados a ritmos como a valsa, o maxixe, toadas regionais e o jazz."
Além dessa tradição musical, faixas como "Vem" e "Coisa de Doido", lançadas no EP homônimo, possuem forte carga poética e uma melancolia absorvida pela introspecção que os curitibanos carregam por viver em uma cidade gélida. "Tanto os dias cinza como os dias ensolarados a zero grau influenciam da forma mais charmosa possível", admite Bernardo. "Curitiba tem um clima que favorece as reuniões em casa. Muito do aconchego que a gente quer trazer na estética da canção vem desse detalhe."