Já que é hora de pedir tudo nas ruas, não custa aumentar a lista
"O cigarro é um cilindro com uma brasa numa ponta e um idiota na outra. Você não é idiota, filho". Minha engajada mãe quase #foiprarua com a frase acima em um cartaz durante as manifestações que tomaram conta do país. O mais estranho é que o cartaz dela não ficaria estranho em meio aos que vi: "Pelo fim da 'encoxada' no ônibus", "Quero café", "Pelo Lucas no lugar do Hulk", Spray de pimenta em baiano é tempero”,“Não é pelos R$0,20, é pela série B que o Fluminense tá devendo”, “Na Arábia Saudita ladrão amputado, no Brasil é deputado” e “Me chama de Copa e investe em mim”. Tinha todo tipo de cartaz, mas nenhuma reivindicação era musical; como se a situação da música fosse menos assombrosa que a da saúde, transporte, violência ou que a da corrupção.
Até onde sei, há apenas uma fábrica de vinil no país, os LPs importados são artigos de luxo, CDs custam os olhos da cara e a pirataria é crime. Sem falar no preço dos ingressos. Para o show do Black Sabbath, por exemplo, o mais barato consome metade do salário mínimo. Então, sem querer esvaziar o significado das manifestações, eu tenho mais algumas reivindicações a fazer:
• Pela redução no preço exorbitante dos ingressos de shows no país, menos aquele do holograma do Renato Russo cantando no estádio, que tem mais é que custar caro, porque é muito mau gosto, Deus me livre (e se Ele não livrar, o preço livra);
• Pelo fim da área VIP, porque Very Important People em show é o fã. Famoso ocupando lugar privilegiado só para aparecer na foto do dia seguinte é Very Istupid People;
• Pelo fim da participação nos shows dos Rolling Stones de: Katy Perry, Taylor Swift, Lady Gaga, Gwen Stefani e até Carrie Underwood, vencedora do American Idol. Nessa toada tarada do Mick Jagger, quem será a próxima convidada, a Rita Cadillac?
• Pelo fim do surgimento de bandas pseudointelectuais que emulam a falta latente de testosterona do Los Hermanos;
?• “Eu quero tchu, eu quero tcha”; “tcherere tchê-tchê”... Chega de hit sertanejo universitário à base de onomatopeia, essa figura de linguagem está manjada, que tal usar um pouco a hipérbole? O oximoro?
?• E, por falar em sertanejo universitário, ele vai estudar até quando às nossas custas? Passou da hora de ser jubilado, como aconteceu com o forró universitário. Se eu devo atender à justíssima reivindicação da minha engajada e preocupada mãe, essas reivindicações também devem ser consideradas. O gigante acordou.