Com centenas de bilhões de visitas, o YouTube reina supremo como a fonte de música para os consumidores
O iTunes pode ser o centro das atenções, mas o grande astro quando se trata de música digital não é sequer um serviço especializado no ramo. É o YouTube, que nos últimos seis anos ajudou a deslanchar a carreira de uma lista de estrelas que vai de Lady Gaga a Justin Bieber, graças aos fãs que clicam em vídeos relacionados à música centenas de bilhões (sim, bilhões!) de vezes, de acordo com a analista de música digital BigChampagne. "Eles são como um gorila", diz Tom Carson, gerente-geral do RCA Music Group, que representa o Kings of Leon e Christina Aguilera. Erica Garland, CEO da BigChampagne, complementa: "Não existe rival. O YouTube é a fonte número 1 de música no mundo". Ele eclipsa mesmo os downloads ilegais em termos de número de usuários.
Como isso aconteceu? Enquanto o iTunes permanece na posição número 1 em vendas nos Estados Unidos, o NPD Group relatou, em agosto do ano passado, que quase metade dos adultos ouve música online de graça, e 58% desses ouvintes usam o YouTube para isso. "O site se tornou um tipo de Google para músicas", diz uma fonte que faz parte de uma grande gravadora. "É como ouvir rádio." Um estudo recente feito pelo Forrester Research ilustra essa mudança de geração, deixando o download e voltando-se para o streaming - "nativos digitais", ou fãs com idade entre 12 e 15 anos, têm uma tendência muito maior de usar o YouTube quando querem ouvir música.
A renda proveniente já começa a acompanhar a popularidade do site - os pagamentos de direitos autorais pularam de 200 para 300% no ano passado, como foi relatado recentemente por representantes da companhia. As grandes gravadoras ganham milhões de dólares todos os meses por causa do YouTube, dizem algumas fontes.
A peça central desse crescimento é a Vevo, uma joint venture entre Universal e Sony que provém o YouTube com vídeos legalizados de artistas. O valor dos anúncios é significantemente maior no Vevo - enquanto o YouTube paga US$ 1 a cada mil views, o Vevo paga algo entre cinco e dez vezes mais que isso. "O retorno que estamos dando [às companhias do ramo musical] é substancial, e queremos que seja ainda maior", diz Chris Maxcy, diretor musical global do YouTube. "É isso o que aspiramos: certamente ajudar a indústria musical a atingir um ponto de estabilidade. Adoraríamos ver isso acontecer."
Mas representantes dos artistas reclamam que eles recebem pouco retorno por esse método - porque os direitos autorais são divididos entre gravadora, artista e publisher. A matemática econômica de um vídeo viral no YouTube faz mais sentido para artistas independentes, como o Nine Inch Nails e o OK Go, que têm custos arbitrários reduzidos e não precisam dividir os lucros com as gravadoras.
Mas esses podem ser apenas os problemas normalmente decorrentes de uma nova tecnologia - no que diz respeito a gerar renda para artistas, gravadoras e publishers, o YouTube ainda está em seus primeiros estágios. Faz apenas seis anos que representantes da companhia procuraram os executivos das principais gravadoras propondo acordos de conteúdo e foram recebidos de maneira cética. Conforme o tempo foi passando, dizem os representantes do YouTube, as gravadoras ficaram mais entusiasmadas com a ideia de fazer acordos e autorizar o uso de conteúdo no site. "Em última instância, é algo que leva a muitos milhões de dólares de renda", diz David King, gerente de produto do YouTube. "Eles ainda estão trabalhando com a gente. E não estariam conosco se o negócio não estivesse seguindo na direção certa e gerando dinheiro."