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Orquestra Restaurada

Rapper Shawlin lança trabalho inspirado em cinema, filosofia e em um acervo russo de óperas e concertos

Marcos Lauro Publicado em 18/10/2012, às 10h54 - Atualizado às 11h57

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<b>RIMA & RESGATE</b> Além de fazer rap, Shawlin também trabalha com restauração de áudio - RAFAEL KENT
<b>RIMA & RESGATE</b> Além de fazer rap, Shawlin também trabalha com restauração de áudio - RAFAEL KENT

Você já acessava a internet em 1998? Se sim, pode ser que você conheça o trabalho do MC Shawlin (apelido de Conrado Costa Silva Vieira). Ele foi o primeiro nome do rap a utilizar um site como forma de divulgação dos sons que produzia: “Eu tinha um site e jogava as músicas lá, aos poucos”. Nessa época, Shawlin começou a frequentar o bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, e conheceu os MCs Marechal e De Leve. Desse encontro surgiu o convite para que Shawlin fizesse parte do Quinto Andar, coletivo de rap que também foi pioneiro no uso da internet e permaneceu no cenário até 2005. As músicas que ele colocava na web viraram um EP. “Na verdade, eu não consegui concluir um álbum inteiro”, confessa Shawlin. Em 2001, já no Quinto Andar, ele lançou o EP solo ... E a Vida Continua.

Mas em 2007 veio o evento que culminaria em seu mais recente álbum. “A cena do rap não estava me rendendo dinheiro e comecei a procurar um emprego fora da área. Fiz um curso de áudio e bati na porta de um estúdio que ficava na minha rua. Consegui um trabalho.” A função de Shawlin era digitalizar e restaurar um acervo russo de concertos e óperas, que estava armazenado em fita DAT. “Eu já gostava desse tipo de som. E, já que eu estava ali, pensei em usar aquilo de alguma forma.

Ali, já comecei a pensar em Orquestra Simbólica, a viajar nesse tema”, explica.

Orquestra Simbólica tem 20 faixas e mistura as tais óperas com um conteúdo filosófico e cinema. E RPG: “Tirei a proposta dos livros do Steve Jackson [norte-americano, criador de um sistema de jogos de RPG], que usa aquele esquema do ‘vá para a página tal’ para continuar a história. O disco narra a condição humana, os conflitos e os dilemas na sociedade moderna”, conceitua Shawlin. O cinema aparece entre as faixas, com diálogos e trilhas recortados de filmes como Frankenstein (1931) e Matrix (1999), “Sempre vejo filmes parando pra ver o conteúdo real daquilo, me aprofundando no tema. Matrix, por exemplo, tem um conteúdo absurdo por trás daqueles efeitos todos. Então, separei trechos que me chamaram atenção. E a ideia foi refazer as trilhas sonoras também: inseri trilhas minhas em trechos conhecidos desses filmes”.