Integrantes do MICKEY GANG saem direto do interior capixaba para a Inglaterra
A falta de opção do interior do Espírito Santo, quem diria, acabou dando um empurrão para o início do quarteto Mickey Gang. "É muito chato lá, não tem o que fazer ", conta o vocalista e tecladista Arthur, sem tirar os olhos da tela de um laptop. "Montar banda fazia o tédio passar mais rápido." Os amigos dos rapazes fizeram o mesmo, mas com outra abordagem - o que só os motivou ainda mais. "Começamos a tirar uma da cara deles, porque todo mundo estava fazendo música séria - e nós não. Fazíamos letras sobre as mães, as namoradas deles... Tanto que hoje ninguém em Colatina gosta da gente!", brinca, esboçando um sorriso de satisfação, referindose à cidade de pouco mais de 100 mil habitantes onde morava.
Exatamente porque não se levavam a sério musicalmente, os integrantes do Mickey Gang não têm a menor afinidade de gosto musical (uma breve consulta revela o que cada um escutava naquela semana: Gang of Four, Lady Gaga, Wilco, Rancid). Pode parecer impossível, mas elementos de todas esses artistas permeiam as canções da banda, um pop com guitarras à Rapture, com som destacado de teclado.
A vida seguiu normalmente, com os quatro terminando o ensino médio (hoje eles têm entre 17 e 20 anos) e gravando sem grandes pretensões. "Nunca divulgamos nada. Só colocávamos as músicas no My-Space", diz Arthur. No meio do ano passado, tudo mudou rapidamente. O Mickey Gang disponibilizou uma faixa nova, "I Was Born in the 90s", que se espalhou pela web, indo parar em blogs gringos de música. O assunto s e desenrolou de u ma forma curiosa: em pouco tempo a banda já tinha empresário, agência para marcar shows, advogado e um selo para lançar um single - todos britânicos. Tanto que os capixabas se apresentaram em Londres antes mesmo de passarem por São Paulo e Rio. "Isso é só uma prova de que o Brasil é nada", explica o cantor. "Adoramos aqui, mas ficamos nos matando e tudo o que conseguimos lá fora não foi por nada daqui, nem de ninguém daqui."
O disco de estreia - a ser lançado no ano que vem por uma gravadora estrangeira, segundo os músicos - deve ser gravado lá fora. Antes, a 50 Bones Records - especializada em s ingles - coloca no mercado uma edição de 500 cópias do compacto Horses Can't Dance, em vinil de 7 polegadas. Arthur é cuidadoso ao falar das músicas que devem entrar no álbum. "É difícil falar das músicas novas, elas não seguem um padrão... Tem reggae!", revela.