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Os Prometidos

Grande demais para a cena indie e de olho na aceitação do grande público, o Vanguart se prepara para a entrada sem volta no mainstream

Humberto Finatti Publicado em 07/08/2008, às 19h10

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Quase lá (A partir da esq., em sentido horário) Lazzarotto, Godoy, Dafré, Lincoln e Flanders: as grandes gravadoras estão de olho no Vanguart
Quase lá (A partir da esq., em sentido horário) Lazzarotto, Godoy, Dafré, Lincoln e Flanders: as grandes gravadoras estão de olho no Vanguart

O rapaz jovem (23 anos), de baixa estatura (1,69 m), não exatamente um modelo de beleza apolínea (com seus cabelos na altura da orelha e uma chamativa pinta escura no canto direito do queixo), talvez não reúna as condições-padrão estabelecidas para ser um sex symbol frente a uma banda de rock. No entanto, cada vez que sobe em um palco frente ao quinteto Vanguart, o vocalista Hélio Flanders conduz fãs a cantar em uníssono suas letras sobre dúvidas existenciais e desencontros amorosos, que recheiam melodias cheias de referências ao folk norte-americano e à música brasileira.

Flanders e sua banda estão muito mais desenvoltos em cena do que há três anos, quando o quinteto - também integrado pelo guitarrista David Dafré, o baixista Reginaldo Lincoln, o baterista Douglas Godoy e o tecladista Luiz Lazzarotto -, ainda desconhecido fora das fronteiras do estado de Mato Grosso, burilava suas canções em bares e festivais de Cuiabá. Desde que resolveu fixar residência em São Paulo e se tornou um dos nomes mais destacados da cena roqueira nacional, o Vanguart se tornou figura carimbada tanto em canais musicais, como MTV e Multishow, como em emissoras abertas. Na Globo, o conjunto já deu as caras duas vezes: em um Som Brasil Especial em homenagem a Raul Seixas, e no programa Altas Horas, quando tocou "Para Abrir os Olhos" e o hit indie "Semáforo".

"A gente não esperava que tudo isso fosse rolar tão rápido, principalmente por se tratar de um grupo de amigos que começou tocando num quarto, cantando em inglês. A gente viu que era possível quando começou a acontecer mesmo", reflete Flanders, durante conversa no apartamento que divide com Douglas e o produtor Bruno Montalvão. "Quando começamos a ensaiar no quarto do Douglas, se alguém nos dissesse 'vocês estarão daqui a dois anos em São Paulo e vai acontecer isso e isso'... nem nos nossos sonhos mais pretensiosos imaginamos que isso pudesse acontecer."

Levou exatos três anos para o Vanguart construir uma sólida reputação, movida a participações nos principais festivais independentes, apresentações ao vivo celebradas pela crítica e um séqüito de fãs conquistado através de intensa divulgação na internet. O encontro no apartamento do Sumaré era o segundo de uma série de dois - o primeiro aconteceu uma semana antes no escritório da produtora Barra Vento, em Higienópolis, e que hoje administra a carreira do Vanguart. Realizada em uma não muito fria noite de segunda-feira, a conversa foi acompanhada de um arroz com frango e legumes preparado pelo próprio Montalvão. Para beber, suco de laranja - o único vestígio de álcool em todo o apartamento era um restolho de uísque nacional que repousava no fundo de uma garrafa atirada em um canto da sala. Notório apreciador de vinhos, Hélio procurava explicar: "Estou bebendo menos e fumando menos também. Descobri que se não beber nada alcoólico uns três dias antes de um show, minha voz rende 50% mais do que o habitual". Por fumar menos, entenda-se maneirar no consumo de cannabis, erva da qual a banda não esconde ser simpatizante.

Você lê esta matéria na íntegra na edição 23 da Rolling Stone Brasil, agosto/2008