Lançando novo CD, Ozzy Osbourne quer distância do mundo dos reality shows
Por Ricardo Franca Cruz Publicado em 17/08/2010, às 06h36
Ozzy Osbourne, 61 anos, é muito mais que uma celebridade lesada da televisão. À frente do lendário Black Sabbath e na mais bem-sucedida carreira solo de um cantor de heavy metal, ele fala, por telefone, sobre a saída de seu guitarrista Zakk Wylde, a maldição da televisão e conta seu "causo" predileto sobre um dos caras mais alucinados e carismáticos da história da música: ele mesmo, que lança agora um novo disco, Scream.
Depois de Os Osbournes (reality show da MTV), você não acha que sua imagem pública ficou maior que a sua música?
No nosso reality show você pôde ver que aquilo era real de verdade, e não o tipo de realidade de Hollywood. Mas passaram a me reconhecer por causa da televisão e não pela minha música. As pessoas hoje me param na rua e perguntam: "Você não é o cara daquele programa de TV [TV show, em inglês]?" E eu respondo: "Show? Que tipo de show? Você quer dizer show de rock and roll?" E elas se surpreendem: "Ah, você faz isso também?" Tenho feito música por 42 anos e amo a música, ela é meu primeiro amor, a melhor coisa que já me aconteceu. Foda-se a televisão.
Você se arrepende de ter feito Os Osbournes?
Ao mesmo tempo, foi uma experiência muito boa e muito ruim. Foi como um desses experimentos que fogem do controle e acabam em loucura. Não fico triste que tenha feito, mas também não tenho orgulho por ter feito. Meus filhos acabaram se envolvendo com drogas e álcool, eu voltei para as drogas e o álcool, minha mulher foi diagnosticada com câncer. Você é amaldiçoado se fizer um programa como aquele e seria amaldiçoado também se não o fizesse.
Você faria de novo se recebesse um convite?
Eu não sei se faria de novo. Hoje de manhã, minha mulher disse: "Ozzy, eles querem que você apresente um programa de televisão". E eu disse: "Sharon, nem me pergunte, porque você sabe que meu coração tem sido minha banda e minha música. Nunca mais quero fazer televisão". Sharon tem de ficar insistindo porque ela ama fazer televisão. Mas não existem pessoas legais na televisão. Eles só querem saber de você se você está por cima.
Foi difícil tomar a decisão de substituir o guitarrista Zakk Wylde?
Foi uma decisão mais difícil para mim do que para ele. Zakk é um guitarrista fenomenal que tem sua própria carreira, ele estava somente me dando uma força, não precisava mais de mim! Sei que se precisar dele para qual- quer coisa é só ligar e ele virá. Quando disse a ele que eu segui- ria em frente, ele simplesmente respondeu: "Beleza, cara". Não quero que pensem que nós brigamos, que eu o odeio e ele me odeia, esse não é mesmo o caso.
Não é a primeira vez que você troca de guitarrista. Dissociar a sua imagem da de ZakkWylde é uma tarefa difícil?
Quando saí do Black Sabbath, não sabia que poderia fazer algo diferente com pessoas diferentes. Você sabe, eu tocava com Tony Iommi, ele era "o" cara. Então, encontrei o [guitarrista] Randy Rhoads, montei uma banda, e ele morreu. Pensei: "Porra! Como eu vou substituir Randy?" E tem sido assim cada vez que chega a hora. Lembro de dizer ao [guitarrista] Jake E. Lee: "Jakey, você tem pela frente uma tarefa realmente difícil, porque quando você estiver no palco verá cartazes dos fãs dizendo 'RandyRhoads é Deus' ". Para Gus G. que substituiu Zakk, eu disse: "Simplesmente não se preocupe e acredite em você mesmo". Zakk foi o "cara novo" uma vez, ele teve de ser Randy Rhoads, Jake E. Lee, Tony Iommi, e conseguiu!
É verdade que a sua turnê mais alucinada foi a com o Mötley Crüe, nos anos 80?
Fiz coisas muito loucas na minha vida, mas aquela turnê, em 1984, foi a mais selvagem de todas. Se você perguntar: "Ozzy , você realmente cheirou uma linha de formigas?" Não consigo me lembrar, mas é muito provável que sim. Aquela turnê é uma mancha na minha me- mória. Ér amos presos dia sim, dia não. Lembro que disse ao empresário deles: "U m de nós vai morrer nesta turnê". Depois da turnê, Vince [ Neil, vocalista do Mötley Crüe] se envolveu em um terrível acidente de carro e matou o baterista do... hmmm... é... do Hanoi Rocks [Razzle].
Todo mundo do meio tem alguma história s obre você. Mas e você, qual o seu "causo" preferido sobre você mesmo?
Lembro que uma vez eu estava tentando parar de beber e fui para o Japão. E quando eu passava pela imigração as pessoas do consulado me aguardavam, achando que, como sempre, eu sairia cambaleando por aquela porta, caindo de tanto beber. Só que dessa vez eu estava sóbrio e eles ficaram muito chocados. Então, lembro que fui para o hotel, encontrei minha mulher e... De repente, acordo na manhã seguinte com um quadro enfiado no pescoço. Aparentemente, eu saí, peguei uma groupie e a levei para o hotel, sem lembrar que minha mulher estava lá. E Sharon expulsou a garota do quarto embaixo de porrada e quebrou uma pintura na minha cabeça [risadas altas e longas].
